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sábado, 11 de maio de 2024

Excluído da Timemania, Gama tem futuro financeiro ainda mais incerto

A arrecadação do alviverde referente à loteria esportiva constituíam boa parte das receitas do Periquito nas temporadas; em 2017, representou 60% do faturamento anual

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O futuro do Gama não se resume ao clube em si. Em 19 de janeiro, o Ministério da Cidadania, que no governo Bolsonaro abarca diversas pastas da administração federal, inclusive a do Esporte – esta transformada em Secretaria Especial – publicou a Portaria n° 470 do órgão. O documento, público, lista as 80 equipes do futebol brasileiro agraciadas pela Timemania para o biênio 2022-2024. O alviverde, que tanto se beneficiou da loteria esportiva, está fora.

Criada em 2009, ainda durante a “Era Lula”, a Timemania é voltada exclusivamente aos clubes de futebol e foi uma maneira de estimular a participação de torcedores em concursos previstos em lei – ao contrário, por exemplo, do Jogo do Bicho. De quebra, tornou-se um dos mecanismos de auxílio financeiro às agremiações brasileiras, que recebem percentuais cada vez maiores ao longo dos 13 anos de existência do sorteio.

Composta por cerca de 80 equipes, como dito, e também 80 números, a loteria realoca parte do que arrecada de acordo com o número de marcações como “time do coração” relativos a cada clube. Divididos em grupos, aqueles com maior número de apostas recebem maior percentual, e os menos marcados, por óbvio, recebem um valor menor. Agora, apenas clubes das Séries A, B e C estão no rol de agremiações disponíveis para a marcação.

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O resto, como América de Natal e Santa Cruz, tradicionais equipes do Nordeste, entraram via ranking. O Brasiliense, por exemplo, está lá por este critério. O Jacaré é o 63º colocado entre os 239 ranqueados. O Gama aparece 33 posições abaixo, em 96º. E é aí que mora o problema. Pelo texto publicado pelo governo, apenas os 20 melhores ranqueados que não pertencem às três primeiras divisões do país estão incluídos.

A fonte secou

A arrecadação do alviverde referente à Timemania, de acordo com os balanços financeiros anuais do clube, constituíam boa parte das receitas do Periquito nas temporadas. Entre 2010 – quando o Gama foi rebaixado à Série D para nunca mais voltar – e 2012, por exemplo, a instituição recebeu, em média, mais de R$ 250 mil por ano. Foi em 2013, porém, que a loteria esportiva se tornou indispensável ao balanço patrimonial gamense.

Naquele ano, pela primeira vez, o valor revertido ao clube superou o primeiro milhão. Foram R$ 1.015.632,40 em caixa para o clube, ainda de acordo com a prestação de contas do alviverde. No ano seguinte, de Copa do Mundo em terras brasileiras, mais R$ 1.074.448,54 na conta. Dada a confusão que se instaurou na direção do Gama na década passada, é até compreensível – ainda que não aceitável – que não haja à disposição as prestações de contas de 2015 (confira tabela abaixo).

Arte: Maurício Carvalho/Distrito do Esporte
Arte: Maurício Carvalho/Distrito do Esporte

Mesmo assim, o time da RA II voltou ao patamar milionário em 2017, prova da intensa relação da maior torcida do Distrito Federal para com o clube. Mesmo em novo jejum (depois da conquista do Candangão em 2015, depois de 13 anos, o time voltou a ser mero figurante no campeonato local até 2019) e sem calendário por boa parte do ano, quase R$ 1,2 milhão referente a apostas na Timemania com o alviverde como clube do coração chegou aos cofres gamenses.

Nos anos seguintes, a receita despencou: pouco mais de R$ 710 mil em 2018, com R$ 640 mil em 2019. Em 2020, último ano disponível no portal voltado à transparência do clube, a pandemia e a crise financeira que sufoca o país desde 2015 derrubaram a arrecadação para míseros R$ 96 mil. A fonte da loteria, que chegaram a representar cerca de 60% da receita total do clube em 2017, por exemplo, agora secou.

A culpa é de quem?

Ainda que a medida tenha partido do governo federal e tenha recebido crítica de diversos dirigentes e jornalistas Brasil afora, os critérios não foram estabelecidos para enfraquecer o alviverde. A exclusão do Gama dos beneficiários da Timemania também não é culpa do torcedor, que se manteve fiel e se tornou, ao longo da década de 2010, o maior patrocinador do clube. Tudo isso se deve aos péssimos resultados obtidos em campo – causados e causadores dos graves problemas extracampo do alviverde.

Agora, o clube está excluído das cartelas vendidas em lotéricas Brasil afora, o que pode significar prejuízos ainda maiores para o futuro – este já incerto dadas as condições financeiras do alviverde candango, envolvido em discussões e até ameaças de greve por atrasos de salário nas últimas semanas – ou mesmo descumprimento de outras obrigações enquanto empregador.

Infelizmente, o presidente do clube, Weber Magalhães, e a assessoria gamense não responderam aos pedidos de entrevista feitos pelo DDE. O espaço, como de costume, está aberto a manifestações.

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