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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Após falta de pagamentos, S.E. Gama comunica despejo a SAF Gama do CT

Imbróglio se arrasta, SAF Gama não dá manutenção no CT e não apresenta aporte milionário prometido em sua constituição. SEG toma decisão

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A Sociedade Esportiva do Gama (SEG) cansou de notificar e tentar o cumprimento das cláusulas contratuais com a Sociedade Anônima do Futebol do Gama (SAF Gama). Após 5 notificações extrajudiciais e tentativas de solução pacífica, a SEG decidiu, em assembleia, despejar das estruturas do CT Ninho do Periquito a SAF Gama.

A SAF tem até o dia 26 de junho para retirar tudo que lhe pertence do CT do Gama. Essa data limite já é de conhecimento dos funcionários da SAF no DF. Estes, inclusive, não estão recebendo os salários prometidos pelo grupo comandado por Leonardo Scheinkamn.

A medida atinge diretamente as categorias de base do Gama, sob gestão da SAF Gama. Sem os campos, vestiários e outras benesses do CT, as categorias Sub-20, Sub-17 e Sub-15 do clube podem ficar sem abrigo, tanto para preparação, quanto para jogos oficiais.

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A decisão foi a solução encontrada após meses de tentativa de resolver os impasses – especialmente financeiros – com a SAF, que desde que assumiu o futebol alviverde não apresentou o prometido aporte milionário para elevar a qualidade do Gama.

Foto: Lucas Bolzan/Distrito do Esporte

Notificações extrajudiciais cobram até pagamento de conta de internet

A reportagem teve acesso a uma série de documentos expedidos pela SEG após a nova gestão, liderada por Wendel Lopes, assumir o clube. Assinam as notificações extrajudiciais Wendel Lopes, os dois vices-presidente, o presidente do Conselho Fiscal, Wesclei Quirino e o presidente do Conselho Deliberativo, Miguel Peres.

No dia 14 de abril de 2022 a SEG questionou os membros dos conselhos da SAF sobre a integralização do capital de R$ 10.080.000,00 referente aos 90% pertencentes à Green White Investments LLC na estrutura da SAF. Os outros 10% são da Sociedade Esportiva do Gama.

Na notificação extrajudicial a SEG afirma que “a SOCIEDADE ESPORTIVA DO GAMA é acionista minoritária e vem suportando diversos prejuízos materiais e imateriais devido à ausência de recursos financeiros da GAMA SAF no pagamento de seus credores, inclusive pela greve deflagrada pelos jogadores e funcionários do Departamento de Futebol devido ao atraso de pagamento de todos os funcionários contratados”.

O prazo para resposta à notificação era de 48h, mas não foi cumprido.

No dia 22 de abril de 2022 a SEG questionou um escritório de advocacia de Natal/RN que pagou duas faturas de energia elétrica, uma de R$ 2.655,72 e outra de R$ 5.403,07. A maior surpresa é que nem o escritório, nem o sócio da banca, possuem relação aparente com a SAF Gama.

Já em 19 de maio nova indagação da SEG aos membros da SAF. O motivo era quatro faturas de R$ 149,90 cada, de fevereiro a maio, de internet do CT com empresa de fibra ótica.

Por estar usando as estruturas do Ninho do Periquito, a SAF ficou responsável por arcar com contas de água, luz, internet, manutenção de campos, marcação dos mesmos, dentre outras despesas operacionais do dia a dia do Centro de Treinamento. Não há notícias de que as faturas foram pagas.

SAF não teria pago salários, não faz manutenção e não constitui advogado para ações trabalhistas

27 de maio a SEG voltou a notificar a SAF pedindo explicações sobre onde estava o gestor da SAF, Leonardo Scheinkamn, que há 54 dias não aparecia em Brasília ou, ao menos, nas instalações do Gama. Além disso, a SEG notificou pedindo explicações acerca da “ausência de registro na carteira de trabalho de todos os contratados, nenhum salário foi pago desde o dia 01/04/2022 e os funcionários ameaçam entrar em greve, o fornecimento de acesso à internet pode ser suspenso por falta de pagamento, a manutenção dos campos do CT está abandonada e com a utilização comprometida, todos os cheques utilizados para pagar os salários voltaram por insuficiência de fundos – mesmo que os recibos de salários tenham sido apresentados ao BRB, os jogadores diariamente entram em contato com representantes eleitos da SEG devido ao abandono do cargo pelo Diretor eleito, a SAF Gama está sendo revel em diversas ações na Justiça do Trabalho porque o Diretor eleito não constitui procurador e não apresentar preposto.”

A SEG termina a notificação cobrando, novamente, a apresentação da integralização do capital de R$ 10.080.000,00, bem como a quitação das dívidas, ressaltando que “Caso a NOTIFICADA não cumpra a solicitação no prazo estipulado, a NOTIFICANTE será obrigada a levar o fato às autoridade policiais e se resguarda ao direito de tomar as medidas judiciais cabíveis e encaminhará toda a documentação para o MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS promover a apuração nas esferas cíveis e criminais.”

Segundo apurou a reportagem nenhuma das dívidas foi quitada pela SAF até o momento, bem como não houve prova da integralização do capital milionário pela acionista majoritária, Green White Investments LLC, de controle de Leonardo Scheinkamn.

Foto: Lucas Bolzan/Distrito do Esporte

Ações judiciais e investigação do Ministério Público do Trabalho

Também pesou na decisão da SEG uma investigação do Ministério Público do Trabalho. Pela alta quantidade de reclamações trabalhistas na Justiça do DF, o MPT abriu procedimento interno para apurar a conduta do Gama.

Após a instauração da SAF, a SEG ficou responsável pela parte social do Gama, enquanto a SAF cuida de tudo envolvendo futebol.

O MPT procurou a SEG sobre as dívidas trabalhistas. A Sociedade Esportiva do Gama informou que não tem funcionários, que seu quadro diretivo é colaborativo e que os contratos dos funcionários, bem como a responsabilidade pelas contratações durante o Candangão, cabia à SAF, direcionando os procuradores do trabalho aos responsáveis pela SAF.

Em uma das ações judiciais o oficial de justiça avaliador da Justiça do Trabalho chegou a comparecer até à sala onde a SAF teria sede. Mas, chegando lá, verificou que “no local funciona a empresa OPEN COWORKING, um escritório de “coworking” e que presta serviços de endereço fiscal para empresas. No entanto, a Sra. XXXXXX declarou que GAMA SOCIEDADE ANONIMA DE FUTEBOL não está entre seus clientes.” O nome da funcionária foi suprimido por decisão editorial.

A reportagem verificou que vários acordos de jogadores tabulados com o clube não foram cumpridos. Ou seja, o Gama promete pagar, mas não paga.

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