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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Sala de Imprensa #1 – As lições que o Candangão 2019 nos dá

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Sala de Imprensa é um espaço para jornalistas, com vínculo ou não com o Distrito do Esporte, expressarem suas opiniões sobre os acontecimentos do esporte do Distrito Federal.

Por Bruno Henrique de Moura, do portal Esportes Brasília*

Escrevo a dois dias da final desta edição do campeonato profissional de futebol do DF. Se minhas contas não estiverem equivocadas, é o sexto campeonato que cubro, quase todos pelo rádio, além de ter feito duas ou três edições por texto.

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Diferente de outras edições, eivadas pelo repetitismo de fracassos de algum dos dois times de maior tradição, Gama ou Brasiliense, esta edição trouxe de volta duas boas notícias: Serejão, finalmente, reaberto, e a dupla mor nos seus melhores dias.

Além disto, Capital e Paracatu não deixaram a desejar. Do outro lado da balança, Bolamense e sua administração pífia, para não dizer irresponsável, e a falta de zelo de algumas administrações regionais que ignoram a importância sócio-cultural do torneio.

Gama e Brasiliense

De todos os campeonatos que já cobri, este foi o de melhor desempenho da dupla.
Não apenas em números impecáveis, Gama terminou a primeira fase com 93,3% de aproveitamento e um time sólido comandado por Vilson Tadei, enquanto o Brasiliense viu no seu arquirrival o único adversário a altura. Há, nesse quesito, de parabenizar Luziânia, que encarou os dois de igual pra igual, e Formosa, que deu sufoco ao Gama no segundo jogo das quartas-de-final.

Claro que a balança pesa, de certa forma, a favor da dupla em algum sentido. Pelos de verde, a direção do Gama, após a gestão desengonçada do ano passado, acertou na mão e fez as parcerias certas, além de montar um elenco digno de campeão. É a tendência colocar no histórico esse título. Ademais, o fator torcida, sempre importante, ganhou uma densidade sublime neste 2019.

Já o Jacaré tem os cofres da família Estevão que, gostemos ou não, é quase uma rainha no tabuleiro do Candangão. Ademais, com erros e acertos, Adelson de Almeida conseguiu dirigir o barco amarelo com habilidade até onde deu. Mas como é praxe do Brasiliense, e no Adelson, os sentimentos são, sempre, mais intensos.

A única questão que pesa em desfavor da dupla é o nível do campeonato, por natural fraco, e que não prepara para a competição que interessa: série D. Sobre esta, não adentra nas ligações sinápticas que faço o motivo de apenas no ano que vem os classificados pelo estadual disputarem a competição.

Desestrutura os times, os bons jogadores não têm porque continuar na mesma equipe e o projeto satisfatório perde-se por motivos temporais. Vide o Sobradinho que, com o elenco e estrutura atual, terá mínimas alegrias na disputa da série D 2019.

Estádios

Não há, até por previsão legal/regulamentar, campeonato profissional sem estádio de futebol. Mas o DF insiste, ano pós ano, em ter conduta meio displicente com essa questão.
Primeiro, a volta do Serejão parecia um suspiro de bom senso e competência. Mas os bombeiros, até hoje não se sabe o real motivo de por que, decidiram, no meio do campeonato, interditar um estádio que estava liberado desde a primeira rodada, abrigava dois times e levava público. Sinto que logo entenderemos os reais motivos dessa interdição.

O que interessa é que a falta do Serejão apenas piorou uma situação estável. Dos estádios do DF, só Bezerrão e Mané tinham condições de receber jogos a noite. Por isto uma quarta-de-final do Sobradinho, antigo campeão, levou apenas 56 pagantes ao estádio. Mas também, 15:30 de uma quarta-feira? Quem consegue? Ao menos, os estádios do entorno, TODOS, se esforçaram e entregaram jogos de noite: Serra do Lago, Frei Norberto e Diogão. Não nos enganemos, não era nenhuma quinta maravilha do mundo, mas pelo menos tiveram o objetivo de fazê-lo e conseguiram entregar.

Bolamense e Ceilândia

A boa e velha crônica de uma tragédia anunciada. O Bolamense é um caso a que a academia merecia estudar. Time sem estrutura, com um comandante emocionalmente instável, e que tem uma lábia única.

Prometeu e trouxe atletas e profissionais de todo o país. Ao final e ao cabo não entregou NADA do que se comprometeu. Pelo contrário, ultimo time do campeonato com apenas um ponto e uma campanha trágica. Mas também, uma empresa que se pauta pela mentira vai querer o quê?

O que me causa mais espanto é o comportamento dos dirigentes do nosso esporte e também do nosso tribunal. Se todo mundo sabe a conduta perpassada pelo Bolamense em todo o campeonato e que se repetirá, por que não tomam providências? Um dia eu descubro, espero.

Quanto ao Ceilândia, colhe o que plantou. A diretoria que acha ser proprietária do clube, e não representante política de um agrupamento. De que adianta criar confusão com Deus e mundo e tentar prejudicar a crônica esportiva? De nada. Se adiantasse, não teria ficado fora das quartas-de-final.

Além de representar a maior cidade do DF, Ceilândia é um dos times mais queridos e que tinha um dos melhores comandos do futebol do DF. Se perdeu em um campeonato. Está na hora da família Almeida botar a cabeça no travesseiro e reavaliar suas condutas.

Bons frutos a casa espera

Em geral, me agradei pelo campeonato. O trabalho do Capital, de construir um torcedor com outras atividades que não mero futebol, levando o torcedor a criar uma tradição e identidade com a marca, até pelo nome positivo, foi a mais grata surpresa para mim. A feijoada pós-jogo, as promoções, o marketing, o programa de sócio-torcedor. É desse tipo de pensamento e profissionalismo que queremos.

Na mesma linha, as diretorias de Paracatu e Real merecem nossos aplausos. A organização que se viu, o respeito ao atleta e o investimento no corpo de torcedores, mesmo que parco muitas vezes, levou os times até as semifinais. Esse pensamento, positivo e construtivo, precisa ser reproduzido sempre.

Palmas, também, ao Formosa, que com uma folha salarial que inimaginável 27 mil reais mês trouxe um time razoável e levou a torcida ao estádio. Segundo levantamento dos colegas do Candangão da Depressão, o Formosa teve a segunda maior torcida nos jogos de seu mando de todos os times. Perdeu apenas pro Gama.

À Federação, minhas congratulações contidas. Desta vez, a baderna de mudança de jogos a menos de 48 horas, em desrespeito ao estatuto do torcedor, foi exceção. Além disto, não influi nos resultados do campeonato nem bagunçou o torneio. Ainda falta informação e transparência em algumas decisões e condutas, mas o caminho parece de reforço na luz, e não de volta da escuridão.

Ano que vem teremos mais Candangão e mais emoções. Dos últimos seis anos, talvez tenha sido o mais organizado e com cara de Estadual de todos que cobri. Agora, para melhorar, é não renovar o contrato ridículo com a TV Globo, que finge que nosso campeonato não existe. E já diria a máxima da publicidade: quem não é visto, não é lembrado.

*O texto se trata de um artigo de opinião e, portanto, é de inteira responsabilidade de seu autor. As opiniões nele emitidas não estão relacionadas, necessariamente, ao ponto de vista do Distrito do Esporte.

Bruno Henrique de Moura é jornalista e estudante de direito. No esporte candango tem passagens pelas rádios Esportes Brasília, Lance FM, Nova Aliança, Nossa Brasil FM, Ativa FM entre outras.

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