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quinta-feira, 2 de maio de 2024

Sala de Imprensa #8 – Ibaneis Rocha criou polêmica ou falou a verdade ao citar que Brasília não têm grandes clubes?

A fala do governador do Distrito Federal, onde disse que Brasília não têm grandes clubes, repercutiu muito mal dentro do seio esportivo candango. Mas o que os dados dizem sobre a realidade?

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*O texto se trata de um artigo de opinião e, portanto, é de inteira responsabilidade de seu autor. As opiniões nele emitidas não estão relacionadas, necessariamente, ao ponto de vista do Distrito do Esporte.

Por João Marcelo*

Assunto à nível mundial, o Covid-19 tem criado paralisações em todos os âmbitos, mas nesse artigo trataremos sobre o esportivo e mais precisamente o esporte candango. Há algumas semanas o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, em entrevista ao Jornal de Brasília, disse que Brasília não têm grandes clubes. A fala do político repercutiu mal dentro da imprensa candanga, que não gostou nem um pouco do desdém. Mas afinal, Ibaneis criou polêmica ou falou a verdade?

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Bom, sejamos sinceros, Brasília não têm grandes clubes…no futebol masculino. Vejamos, qual foi o último grande título de uma equipe candanga? Antes de responder, falarei dos homens. Mas voltando à minha pergunta, eu mesmo respondo, Brasília campeão da Copa Verde em 2014. E onde se encontra a equipe colorada hoje? Amargando a Segunda Divisão do futebol local desde 2018. E lembro, é o terceiro maior campeão do Distrito Federal com oito títulos.

Voltando um pouco mais, Brasiliense com dois títulos (Série B em 2004 e Série C em 2002) e Gama com o título da Série B em 1998. “O Jacaré chegou à final da Copa do Brasil em 2002”, mas não ganhou, certo? Então as duas maiores torcidas comemoram apenas título estadual, no caso da capital federal, distrital? Sim. E sem contar que essas equipes não passam da Série D, isso mesmo, a quarta divisão, há algum tempo! Então como querer ser chamado de grande? Perdoem-me, mas não dá.

Em uma conversa com profissionais da imprensa no ano passado, ouvi a seguinte frase: “O grupo do Sobradinho é marmelada para o Leão da Serra. Portuguesa-RJ está mal no Carioca, Caldense-MG ficou em sexto no Mineiro e o Vitória-ES é um time limitado”. Eu o indaguei citando que o Vitória-ES foi campeão capixaba e tive como resposta “campeonato capixaba é parâmetro de que?”. E retruquei falando que não via diferença entre Capixabão e Candangão, eles riram de mim. Resultado? Sobradinho sem nenhum ponto conquistado, Caldense nadando de braçada no grupo e o Vitória, tão desdenhado por “nós”, também passou.

Para os mais próximos e para quem me dá liberdade – e agradeço ao Distrito do Esporte por ter artigo de opinião – eu digo que a imprensa, dirigentes e as pessoas envolvidas com o esporte local são soberbas. Sim, são soberbas e muito, aliás. Acham que o futebol local é maior do que é e ficam chateadas quando a verdade vos é dita. Não faço campanha política, antes que digam, e caso falem, fico muito preocupado (risos). Concordo com o Ibaneis quando diz que não têm grandes clubes, mas quando se refere ao futebol masculino, já com futebol feminino, discordo.

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Pois bem, quando se refere ao futebol feminino, discordo de você, Sr. Ibaneis. O Minas Brasília, presidido pelas irmã Nayara Albuquerque e Nayeri Albuquerque, é o ponto para a capital federal ter time grande. Com “As Minas” já desmentimos a frase “O Brasil não tem time da capital na primeira divisão”. Ué, o futebol se remete somente aos homens? As mulheres ficam de fora por qual motivo? Simples, por não aceitarem que as mulheres são muito melhores que os homens na gestão do futebol no Distrito Federal.

Prestes a completar oito anos, em 26 de junho chegará a essa idade, o Minas Brasília é um grandíssimo exemplo de gestão. As irmãs Albuquerque comandam um poderoso exército, onde a farda é azul e verde, com guerras vencidas e outras ainda por vencer. A última grande glória foi o título da Série A2 do Campeonato Brasileiro em 2018, ou seja, bem recente. Brasiliense e Gama, saudades de levantar esse troféu, né meus filhos? E está na primeira divisão do Brasileirão, parado por conta da pandemia, mas está lá.

Em 2019, no primeiro ano na elite, se manteve na primeira e faltou pouco para ir ao mata-mata. Neste ano tínhamos uma melhor perspectiva, ou temos, não sabemos como será o futuro do esporte. No fim do ano passado, eu estava no saguão do aeroporto e encontrei as meninas do Vitória-PE e conversando com elas, foi me dito várias qualidades, respeito e uma admiração pelas Minas do Distrito Federal. E detalhe: foi nítido a espontaneidade delas ao citar a equipe.

Então, Ibaneis, o senhor foi super correto ao citar que não tem time grande quando se refere aos homens. Quanto ao verdadeiro orgulho da capital, e nem preciso explicitar quem é, certeza que vocês entenderam, o senhor falhou na sua fala. E percebam, não entrei no mérito de ajuda ou não do governo, isso é assunto para um outro Sala de Imprensa. E aproveitando que dei a deixa para outro artigo, tem mais gente grande aqui, governador. Eu nem citei basquete, atletismo…

*João Marcelo atua como repórter e sócio-proprietário do Distrito do Esporte desde maio de 2018. Está concluindo sua formação em jornalismo e profissionalmente comandou as equipes de comunicação do Samambaia-DF e do Botafogo-DF. Já escreveu no Rio de Janeiro sobre culinária, música, cultura e esporte.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Causou polêmica e mostrou não saber da história do futebol de Brasília que se tivesse investimento e respeito de governadores e empresários iria pra frente porém graças a essas corjas muitos jogadores saem antes mesmo de tornar-se um profissional,pois outros estados apoiam o esporte enquanto a capital federal distroe e esquece a história!

  2. Não é questão de ser pequeno ou grande, é questão de respeitar e dar a atenção devida ao esporte local. se falou ou não a verdade, ok, mas o que interessa é mudar este cenário. Com invesimento, com mídia, com marketing, com gestão, com patrocínio… O Distrito Federal tem potencial pra isso.

  3. Enquanto houver uma mídia televisiva e um governo de costas pra Brasília, voltada para Rio e SP, a população de 4 milhões de habitantes, somada ao entorno, não vai sequer conhecer o que é seu, logo, não terá interesse. consequencia: estádios vazios times sem recursos, sem divisão.

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