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sábado, 18 de maio de 2024

Sala de Imprensa #3 – O que, na verdade, dizem os placares largos no futebol feminino?

Os muitos gols na primeira rodada do Candangão Feminino escancaram o grande problema relacionado à evolução do futebol praticado por elas

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Sala de Imprensa é um espaço para jornalistas, com vínculo ou não com o Distrito do Esporte, expressarem suas opiniões sobre os acontecimentos do esporte do Distrito Federal.

Por João Marcelo

Com o fim recente da Copa do Mundo Feminina, as atenções ao esporte mais querido pelos brasileiros seguiu um rumo diferente. Antes, os homens tomavam conta dos assuntos e noticiários relacionados à futebol. Desde então, as discussões quanto ao reconhecimento, salários, visibilidade, entre outros, foram frequentes. Mas outro ponto que chamou bastante atenção foram as goleadas nos estaduais. Afinal, o que falta para o esporte feminino decolar?

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No último sábado (28/9), o mundo da bola ficou perplexo com a impiedosa goleada do Flamengo/Marinha sobre o Greminho/RJ por 56 a 0. No dia seguinte, mais uma chuva de gols, desta vez em nosso quadradinho, o Distrito Federal. O Real aplicou 31 a 0 sobre o Paranoá, o Ceilândia fez 9 sobre o Estrelinha e o Cresspom marcou sete vezes sobre o Santa Maria. No total da primeira rodada do Candangão Feminino foram 50 gols em quatro jogos, uma média de 12,5 gols por jogo.

A falta de apoio continua sendo um grande problema. Porém, a pressa para as federações incluírem as equipes femininas, é feita de forma desorganizada. O resultado disso? Times montados sem nenhum critério, sem treinamento, sem estrutura e sem ideal. Tudo isso é para mostrar que o futebol delas está sendo visto, mas não com os mesmos olhos quando se referem aos homens.

Pegando como exemplo o Distrito Federal, o Minas Icesp se estruturou a ponto de emprestar sua equipe Sub-18 para o Brazlândia poder disputar o Candangão. Além disso, “As Minas” disputaram a primeira divisão nacional e conseguiram se manter na elite do futebol. As presidentes do clube, Nayara e Nayeri Albuquerque, sempre ressaltam o quão difícil é fazer futebol, mas mostram, mesmo como todos os problemas, que isso é possível. Porém, a equipe verde e azul vive realidade diferente das demais companheiras.

Se na capital federal existe ponto positivo, o negativo é o que fala mais alto. Sofrendo uma goleada de 31 a 0, o Paranoá não conseguiu terminar a partida pois estava com o número insuficiente de jogadoras, apenas sete. A equipe Estrelinha chegou à campo com duas reservas, sendo uma goleira. Com o decorrer da partida, as atletas, visivelmente sentindo o desgaste físico, começaram a se contundir. Sem suplentes, tiveram que ir para o sacrifício, arriscando ter um problema maior.

As contusões foram vistas em todas as partidas e se deve ao fato de não existir treinamento para muitas delas. As meninas representantes da Cobra Sucuri, pegando como exemplo, “se conheceram” dentro de campo. Não houve um treinamento sequer antes da estreia e a perspectiva não é promissora. De que adianta encher um campeonato de equipes? Somente para dizer que se tem apoio? Que estão olhando para o esporte praticado por elas? A forma atual não é a melhor para se promover o esporte.

Mais apoio da televisão, com divulgação dos campeonatos, seria um passo importante para o esporte. Traria mais visibilidade e com isso, uma leve pressão para um gerenciamento melhor das equipes. Voltando à visibilidade, o fator financeiro seria outro diferencial, já que aparecendo mais vezes, as chances dos empresários investirem aumenta significamente.

Recentemente, o Distrito do Esporte divulgou que empresas de televisão estão negociando com a Federação de Futebol do Distrito Federal para a transmissão de jogos. O projeto será para o futebol masculino, englobando somente os clubes da primeira divisão do Candangão. Fato que evoluiria o esporte para eles e que, por que não, poderia se estender a elas?

Por fim, entendo que as bolas que entram nas redes dizem muito mais que um gol. Elas poderiam ser traduzidas para um pedido de socorro, de ajuda, de clemência. Enquanto alguns olhos procuram se manter fechados, outros veem com admiração e esperança. Que o futebol feminino não seja apenas lembrado na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, é muito pouco. Aguardemos o bom futuro!

*O texto se trata de um artigo de opinião e, portanto, é de inteira responsabilidade de seu autor. As opiniões nele emitidas não estão relacionadas, necessariamente, ao ponto de vista do Distrito do Esporte.

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