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segunda-feira, 20 de maio de 2024

Pior time do Candangão Feminino, Paranoá enfrentou dificuldades do início ao fim

Saiba mais sobre as dificuldades e desafios que o Paranoá enfrentou neste 2019.

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Por Lucas Espíndola 

No final de semana passado, 9 e 10 de novembro, ocorreu a última rodada da primeira fase do Candangão Feminino. O campeonato reuniu oito times do Distrito Federal: Real, Minas/Icesp, Ceilândia, Cresspom, Brazlândia/As Minas, Santa Maria, Estrelinha e Paranoá. Na primeira etapa da competição, os times se enfrentaram em turno único, durante sete rodadas. Os quatro melhores colocados avançaram para as semifinais.

O Candangão Feminino foi marcado por diversas goleadas em todas as rodadas, fazendo com que a média de gols fosse bastante alta. Para se ter uma ideia, o campeonato teve 224 gols em 28 jogos ao todo. A média de gols por rodada é de 32 tentos oito por jogo. A maior goleada durante torneio foi a vitória do Real foi sobre o Paranoá por incríveis 31 a 0.

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O time que mais sofreu na mão das adversárias foi justamente a Cobra Sucuri. A equipe no futebol masculino teve sim um ano muito bom conseguindo o acesso para a primeira divisão do Campeonato Candango 2020, e foi campeão da segunda divisão invicto. Mas no futebol feminino as coisas foram diferentes. Houve até quem criticasse a entrada do Paranoá no torneio dizendo que um time desse escalão não poderia jogar o campeonato.

O time foi guerreiro, lutou o campeonato inteiro. Não desistiu. Sabe o que poderia ter acontecido? O Paranoá poderia simplesmente deixar o campeonato de lado e dar o W.O. para o adversário até o final da primeira fase. Mas as meninas tiveram garra e mesmo com os empecilhos foram até o fim. A equipe teve a defesa mais vazada do campeonato com 121 gols tomados e saldo de gols de menos 120.

GOLEADAS DO PARANOÁ NA COMPETIÇÃO

Paranoá 0x31 Real
Brazlândia/As Minas 16×1 Paranoá
Santa Maria 9×0 Paranoá
Ceilândia 21×0 Paranoá
Paranoá 0x5 Estrelinha
Paranoá 0x19 Minas/Icesp
Cresspom 20×0 Paranoá

Foto: Lucas Espíndola

Os problemas do Paranoá começaram muito antes do início do campeonato. O sócio-fundador do clube, Chiquinho, revelou a dificuldade de montar o elenco antes do Candangão Feminino. A direção correu contra o relógio para conseguir elenco suficiente para  a disputa próximo de começar. Para a montagem do elenco, foi feita uma peneira no principal campo sintético do Paranoá, juntamente com o apoio de um time amador da cidade, o Colorado.

Além da peneira, Chiquinho e outros representantes do clube visitaram times amadores e projetos sociais da cidade, a fim de descobrir talentos para completar o elenco. Uma das jogadoras que não participou da seletiva, mas foi descoberta após uma breve observação em um time de futsal da cidade, foi Tatiane. Ela e mais quatro atletas ganharam a oportunidade de atuar no Candangão Feminino, depois de uma visita do sócio fundador a uma zona rural da cidade.

Tatiane nunca tinha jogado futebol de campo, sempre jogou futsal pelo time da comunidade, Jardim F.C. Segundo a atleta, houve certa dificuldade na transição do futsal para o futebol de campo. “Foi difícil a adaptação, mas o professor foi sempre dando dicas pra gente, aí fomos nos adaptando aos poucos. E o que prevaleceu foi a força de vontade, pois moramos muito longe”, pontuou.

Tatiane mora em um núcleo rural perto do PAD DF, a 70 quilômetros de distância da cidade do Paranoá. Mas a dificuldade de chegar aos treinos não desanimou a atleta, considerada por muitos a melhor jogadora do time em toda a competição. A zagueira de 23 anos, mesmo com os problemas na transição entre as duas modalidades, mostrou muita garra e determinação nos jogos e, acima de tudo, personalidade ao comandar a defesa da Cobra Sucuri.

Em um bate papo com a zagueira Tatiane e com o técnico Raimundo Martins ficou evidente o motivo do Paranoá não ter ido bem na competição: a falta de entrosamento. A equipe fez apenas dois treinamentos em outubro, quando o campeonato já estava rolando.

“A princípio era pra ter um treinamento por semana, para todas as jogadoras treinarem junto e se entrosar. Mas a dificuldade era muito grande. A gente mora aqui na zona rural, trabalha até tarde e daqui para o Paranoá, a gente leva em média uma hora, uma hora e pouco pra chegar até a cidade. Durante todo o campeonato tivemos dois treinos.” contou Tatiane que, além de jogar futebol, trabalha como auxiliar administrativa.

Foto: Lucas Espíndola

Para se manter em atividade, a zagueira e outras quatro companheiras que vivem na mesma comunidade treinavam na quadra de futsal do núcleo rural onde moram, três vezes na semana, no período noturno. Porém, nem todas as jogadoras do Paranoá conseguiam fazer treinamentos antes dos jogos.

Mesmo com o time indo mal no campeonato, Tatiane mostrou orgulho do grupo de jogadoras: “Em momento algum eu me senti constrangida ou alguma palavra do tipo. Eu fiquei muito feliz e lisonjeada com meu time, pois se for parar pra pensar na realidade das nossas jogadoras e do nosso time, a gente não desistiu em momento algum. A dificuldade era muito grande, tanto nas questões de treinamento, quanto na ida para os jogos. Saímos de cabeça em pé da competição e honramos o nosso compromisso.”

O técnico Raimundo Martins também falou com o Distrito do Esporte, sobre as dificuldades das jogadoras e dos treinamentos. “Estamos tentando arrumar o time agora no meio do campeonato. Muitas jogadoras não treinam e dividem seu tempo com o trabalho e os estudos. Na realidade nós não treinamos, reunimos o time no domingo e jogamos. Mas o objetivo é terminar agora o campeonato e se organizar mais para 2020.”

Lanterna e eliminado na primeira fase do Candangão Feminino, o Paranoá só retoma suas atividades no ano que vem para o campeonato em 2020. A ideia é reestruturar o time, treinar constantemente com as atletas, e começar o projeto com antecedência, para que não ocorra o mesmo que em 2019.

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