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quarta-feira, 8 de maio de 2024

Da Selva de Pedra: O minhocão

A ocupação dos espaços pelo público e a apresentação deste novo espaço de reflexão marcam a primeira edição da Coluna Selva de Pedra

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Primeiro, para quem não me conhece, devo me apresentar.

Esse autodenominado cronista tem 26 anos é jornalista de paixão e há 13 anos atua ou no rádio, ou na TV, ou em jornais (online ou impresso). Também sou advogado e outras atividades que com o passar das cronistas vocês saberão.

Fiz-me gente em Goiás e em Brasília, estados nos quais vivi até setembro de 2023. Hoje, resido em São Paulo, mais especificamente no bairro da Santa Cecília.

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Para você que lê e não entende as razões de me apresentar nesta publicação, o motivo é simplório. A partir desta semana vou usar este espaço para contar histórias, experiências, angústias, descobertas e vivências da minha vida em São Paulo. O nome traduz um dos primeiros apelidos que ouvi ao pisar em São Paulo anos atrás: a Selva de Pedra.

As crônicas não necessariamente – e provavelmente costumeiramente não serão – abordarão futebol ou qualquer esporte. Este espaço é um canto de reflexão de alguém que decidiu mudar de cidade para sentir um clima diferente de Brasília e escolheu compartilhar algumas delas no site do qual é sócio. A parte boa de sê-lo é poder iniciar uma coluna com o assunto que eu bem entender que não vai ter editor para barrar.

Feitas essa apresentação, meu CEP é em São Paulo há pouco mais de um mês e meio, mas vivenciar São Paulo, efetivamente, ainda é uma missão muito incipiente. Viagens a trabalho me fizeram passar mais tempo em Brasília – de onde eu mudei para São Paulo por ter coisas demais para fazer aqui, ironia pura, inclusive – e no Sul que em São Paulo.

Das coisas que mais ouvi quando contava em histórias da minha nova residência na Santa Cecília era a pergunta: você já foi no Minhocão?

Eu me indagava, que raios é Minhocão? Ainda mais numa Selva de Pedra.

Na minha vivência de egresso da Universidade de Brasília – minha alma mater – minhocão era o corredor quilométrico entre o Instituto Central de Ciências Sul e Norte na própria UnB.

As pessoas me explicam que Minhocão era um lugar que fechava de noite e aos finais de semana em São Paulo para os pedestres andarem. Então é um parque? Eu perguntava. “Não”, respondiam. E insistiam para eu ir.

Voltei no sábado (21/10) de Joinville após duas semanas como auditor da Comissão Disciplinar dos Jogos Universitários Brasileiros e no domingo (22/10) decidi procurar uma lavanderia próximo à minha casa – ainda não comprei máquina de lavar, e tenho dúvidas se o farei.

Passei na lavanderia direcionada pelo Google Maps – oráculo da modernidade – e a fila era grande. Decidi então andar e vi um pessoal de roupa de academia e de praia subindo um elevado. Fui atrás.

Eis que andando percebo estar no famoso minhocão. Gente para tudo que é lado, de bicicleta ou a pé. 3 pontos de apoio – que eu tenha visto – dão ares de organização para uma pista que de segunda a sexta é ininterruptamente locus de carros.

Um casal de amigos toma um vinho sentado no meio fio da pista, distanciando suas nádegas do chão por um fino pedaço de pano daqueles que se usa em praia. Um pai e uma criança jogam xadrez em um tabuleiro tamanho real. Tem gente em bancos e espreguiçadeiras, tapetes de ioga e barras para patins e skates. Essas estruturas são fornecidas pela própria Prefeitura Municipal de São Paulo, mas além delas as pessoas levam seus itens para passar horas a fio por lá.

Adiante, um grupo de universitários da ESPM são rodeados de espectadores enquanto ensaiam a bateria da escola. E um casal lê, cada qual, seus livros, enquanto pessoas passam correndo de fone de ouvido e sem camisa.

O Minhocão é uma intervenção urbana muito interessante. É aquilo que chamam de ocupação dos espaços não ocupados e da transformação dos pontos cotidianos para o bem público. O Direito à cidade se realiza com a ressignificação de ambientes e de suas funções para o bem coletivo, buscando ampliar suas funções e transformar em locus público de vivência, áreas com funções deveras utilitaristas no dia a dia, como é uma via de interligação vide Minhocão.

New York, Berlin pensam em espaços como este como a busca da rua como um ponto de encontro, diversão e expressão cultural e política. Na própria São Paulo a Paulista Aberta de domingo – que mistura todas as tribos, idades, jeitos e gostos, tem uma função parecida.

Bem ou mal, o Minhocão me lembra Brasília, não apenas por conta da UnB, mas especialmente pelo Eixão de Lazer. Mas essa comparação fica para uma nova coluna, pois essa já de estreia da Coluna Selva de Pedra está maior do que eu imaginava e está quase na hora de eu ir para um ensaio da Escola de Samba da Vai-Vai.

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