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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Gama aguarda há 1 ano dinheiro da SAF. DDE reconstitui fatos desde 2020

De dezembro de 2020 a janeiro de 2022. Veja o histórico da relação entre Sociedade Esportiva do Gama e Leonardo Scheinkman

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Por Bruno H. de Moura

O imbróglio entre a Sociedade Esportiva do Gama e o empresário Leonardo Scheinkman tem mais um capítulo à vista.

Fontes ligadas aos poderes do clube explicaram à reportagem o início da conturbada relação entre as partes, que se arrasta desde 2020. O Distrito do Esporte reconstitui o histórico entre clube e Leonardo Scheinkman.

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Leonardo e Gama iniciaram tratativas em 2020

Em Dezembro de 2020 um empresário chamado Ítalo entrou em contato com Weber Magalhães oferecendo jogadores ao Gama. O presidente explicou ao empresário que a situação financeira do clube era grave e não poderia contratar jogadores do empresário.

Nesse momento esse empresário perguntou se o Gama não teria interesse em ouvir uma proposta de investidores que fizeram uma negociação com o Criciúma que não avançaram. O empresário fez a ponte para que o Weber conhecesse o João Ferreira Neto, que à época era sócio do Léo na empresa “investidora”.

No dia 11 de janeiro João e Léo desembarcaram em Brasília para apresentar uma proposta para a diretoria Executiva. Na assembleia do Gama de 26 de fevereiro de 2021, João Neto e Leonardo Shakman apresentaram uma proposta inicial para os conselheiros, no estádio Bezerrão.

Essa proposta inicial era valida por 10 anos, prorrogáveis por mais 10 de acordo com anuência das partes. Porém, já havia previsão da criação da SAF e a proposta dizia que, os investidores começariam a negociar com os credores para pagamento das dívidas e assumiriam o dia a dia do clube, inclusive o passivo.

O investimento inicial seria de € 1 milhão de euros para tocar no futebol e pagar os acordos com credores.

Promessas de aporte de do dinheiro em 1 semana se logo votado

Em 30/03/2021 o Conselho Deliberativo do Gama convocou assembleia-geral para examinar “discutir e decidir de interesse da SEG e investidores acerca da Minuta de Contrato de Parceria (art. 4º novo Estatuto), e que as partes, após, poderão firmar Contrato Definitivo, conforme proposta apresentada e discutida, à exaustão e previamente, pelo Colegiado de Líderes e Poderes da Sociedade Esportiva do Gama.”

A reunião se deu em 05/04/2021. Conforme fontes presentes à assembleia Léo prometeu ter um investidor ao seu lado disposto a fazer o aporte inicial milionário no clube, mas dependia de uma rápida e célere aprovação da SEG. Léo prometeu que se permitido à diretoria elaborar o contrato e avançar nas negociações rapidamente em uma semana teria o € 1 milhão de euros na conta.

Léo falava, dizem os presentes, que se demorasse a aprovar sua proposta ele a tiraria da mesa. Foram 12 horas de assembleia, em três dias, porque não havia concesso entre os conselheiros da equipe. Ao final, a assembleia deu autorização para Léo e diretoria executiva negociarem as especificidades da parceria.

O contrato possuía uma cláusula de confidencialidade que, se não cumprida, ensejaria uma multa de R$ 10 milhões de reais.

Série D e passivo que se arrasta até hoje

Enquanto Léo e a diretoria liderada por Arilson Machado e Weber Magalhães negociavam as cláusulas, valores e condições do, aquele tempo, “arrendamento” do futebol do Gama, pessoas ligadas a Scheinkman passaram a comandar, efetivamente, o gerenciamento do Gama para a Série D de 2021.

Léo dizia que aquele acordo era temporário até a aprovação da Lei da SAF, já em perspectiva de ser sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.

João Ferreira Neto, naquela época, sócio de Scheinkman, ficava responsável por montar o time e contratar o staff, enquanto Leonardo corria atrás do dinheiro para custear a competição. O empresário fez questão de que a SEG entregasse todo o controle sobre formação de elenco, comissão técnica e equipe de marketing para seu grupo. O gerente de futebol Diego Ziegg veio nessa leva.

Feito como desejava Léo, às vésperas do campeonato, o dinheiro para a Série D não havia sido depositado. E nunca foi. Comissão técnica, jogadores, gerente de futebol, nem ninguém recebeu até hoje. Membro de alto cargo no staff do time chegou a sofrer ameaça de despejo e estourar todos os seus cartões de crédito. O profissional até hoje não foi pago e o argumento de Léo é haver problema com o dinheiro fora do país.

Após o fracasso na Série D e não havendo dinheiro em conta, Leonardo e João Ferreira Neto desfizeram a sociedade e João se afastou da questão do Gama, Leonardo não.

Dívidas trabalhistas aumentaram 20%

Nesse ínterim, também, Léo decidiu negociar com o passivo trabalhista do clube. Desde o campeonato de 2019 o Gama não consegue arcar direito com salários e já virou figurinha carimbada na Justiça do Trabalho do DF.

Autorizado pela diretoria do time, Léo se apresentou como responsável pelo clube e sentou com o advogado que representa a maior parte dos credores do clube. O empresário teria dado garantias de quitar valores se houvesse desconto no montante. O desconto foi de cerca de 30% por esse advogado.

O acordo foi apresentado na Justiça e, após o aceite do TRT, nunca foi cumprido. A dívida de X, que seria reduzida a 0,7x, aumentou para 1,2x, já que o descumprimento do negociado gerava multa de 20%, já aplicada. Até agora os acordos trabalhistas não foram honrados e estão em nome da Sociedade Esportiva do Gama.

Quem também teve problemas com essas questões foram os advogados que auxiliavam Leonardo no Processo. A empresa comanda por Léo trocou duas vezes de escritório de advocacia e os advogados, quando procurados por pessoas de alto escalão do Gama, alegavam que estavam saindo da negociação da operação por inadimplência dos honorários.

Contrato da SAF assinado em julho de 2021

Após a aprovação da Lei da SAF, Leonardo disse ao Gama que as tratativas iniciais precisariam serem reiniciadas, pois pelo fato novo – lei em vigor – as coisas mudariam. Em julho de 2021 o conselho deliberativo do Gama deu novo aval para contrato de SAF com Leonardo.

Léo dizia que só traria ao Brasil o investimento pós processo da SAF.

De julho de 2021 até novembro de 2021 Leonardo continuou afirmando que teria o investidor para aportar o prometido € 1 milhão de euros. Em novembro de 2021, finalmente, a Sociedade Esporte do Gama e a Green White Investments LLC, empresa criada por Leonardo, assinaram contrato da SAF.

Cláusulas determinavam aporte em até 10 dias da assinatura do contrato

Dentre as cláusulas do acordo, 3 foram citadas pela SEG em nota divulgada há poucos dias para justificaram o desejo de extinção do acordo.

A cláusula 13.4 determinada que o grupo de Léo mostrasse condições financeiras do aporte de € 1 milhão de euros em até 7 dias da assinatura.

A cláusulas 13.5 dava 10 dias úteis para a Green White Investments fazer o aporte de € 1 milhão de euros.

Já a cláusulas 14.2 evidenciava que o passivo da série D de 2021 fosse quitada em até 7 dias úteis da assinatura do contrato.

Assinatura em 17 de novembro

O contrato foi assinado em 17 de novembro de 2021 condicionando sua validade ao aporte, bem como às 3 cláusulas acima citadas.

Os prazos não foram seguidos pela Green White. Nenhum deles. O Gama deu prazo extra, não cumprido.

O Gama convocou e realizou assembleias em 17 e 28 de dezembro para tratar da cisão da SAF. Na do dia 28 se decidiu romper o contrato, mas nova oportunidade foi dada ao empresário.

Os conselheiros se reuniram em assembleia para aprovação de previsão orçamentária de 2022 em 30 de dezembro de 2021, porém não finalizaram a assembleia por não saberem se o Gama em 2022 teria um orçamento de associação ou orçamento de SAF, que no caso da segunda seria bem menor.  Isso está na Ata 160 do Conselho do Gama.

Prazo final: 25 de janeiro de 2022

O ano virou e o Gama seguiu aguardando o depósito do dinheiro. Leonardo chegou a mostrar, no meio dessas negociações, um comprovante de € 1 milhão de euros em conta no estrangeiro. O argumento dele é que entraves burocráticos do Gama o impedem de transferir o dinheiro para o país.

Também nesse ínterim, em conversa com um conselheiro, ele chegou a dizer que precisaria ir até os EUA para conseguir um extrato de sua conta corrente, o que não poderia se dar por meio virtual, precisaria de sua presença no território americano.

Em 18 de janeiro o Gama notificou Léo, novamente. O time cobrava que o empresário quitasse as folhas salariais de janeiro de 2022 e dezembro de 2021 até 25 de janeiro de 2022 e aportasse até 10 de fevereiro de 2022 o € 1 milhão de euros do contrato.

Sem o cumprimento de nenhuma dessas questões o Gama soltou nota na segunda-feira (31/01) informando que entende por extinto o contrato com a Green White Investments por descumprimento dessas três cláusulas, dentre outras.

 

Versão de Leonardo Scheinkman

O Distrito do Esporte vem acompanhando de perto a questão e ouvindo os dois lados. Há dois dias a SAF do Gama, dirigida pelo seu acionista majoritário, Leonardo Scheinkman, soltou nota oficial afirmando que tem o controle do departamento de futebol do Gama,  mas que também teve custos de cerca de R$ 600 mil reais com o Gama nesse tempo todo.

Leia a matéria nesse link.

A íntegra da nota da SAF:

Empresa gestora da SAF do Gama nega calote, explica situação e visa reerguer o clube

Nesses últimos dias fomos surpreendidos com a notícia de que a Sociedade Esportiva do Gama, tradicional clube de Brasília, havia levado “calote” do investidor que adquiriu 90% das ações da SAF (Sociedade Anônima do Futebol). Essa informação é inverídica.

Além disso, o nome de Leonardo Scheinkman foi colocado como responsável pelo investimento, fato que também não condiz com a verdade.

Scheinkman é o atual diretor da SAF do Gama, e não o investidor, propriamente dito, da Green White Investments LLC. “Não sou um investidor, sou uma pessoa que ajudou o clube a encontrar um investidor”, disse Leonardo.

Desde o final de 2021, quando a SAF do Gama foi criada, foram gastos R$ 600 mil pela empresa investidora.

“Nós sabíamos das dificuldades que teríamos em fazer uma parceria com um clube em situação caótica, com gestão amadora e com pessoas que destruíram o clube e deixaram nessa situação depois de muitos anos. São muitos os problemas estruturais”, comentou Leonardo.

“O objetivo sempre foi fazer um modelo estrutural e profissional, onde não houvesse evasão de renda, pagamentos controlados e outras formas de corrupção. E por conta dessa discordância teve esse atrito”, continuou o diretor da SAF.

A Sociedade Anônima do Futebol do Gama é uma empresa legítima e constituída na forma da lei, com a comissão técnica e jogadores contratados, com novos patrocínios, profissionalizando a gestão e tudo em prol do clube.

Os antigos gestores que não têm credibilidade e estão tentando reverter o negócio, com tendo atitudes de interesse pessoal e não para o Gama.

“A SAF vai seguir a todo vapor em um projeto único para a recuperação do Gama. Precisa contar com o apoio da torcida, que será fundamental neste projeto. Comissão técnica e atletas apoiam a SAF”, disse Leonardo Scheinkman.

“Vamos lutar pelo crescimento do Gama. Isso tudo atrapalha na negociação com fundos, patrocinadores e isso pode gerar danos irreversíveis para o clube. Em respeito à instituição, algumas investigações estão sendo feitas. E vamos esclarecer no momento oportuno”, finalizou. 

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