Por Bruno H. de Moura
As cinco partidas da Série A do Campeonato Brasileiro disputadas no Estádio Nacional Mané Garrincha até outubro deste ano renderam mais de 37 vezes o valor que foi arrecadado com as 16 partidas do futebol brasiliense profissional disputadas no palco da Copa do Mundo de 2014.
Em números absolutos, as partidas da Série A Nacional somaram R$ 15.781.170,90 de renda, contra apenas R$ 418.811,00 dos 15 jogos da primeira divisão do Candangão e do único jogo da Segundinha local disputado no Mané Garrincha, o empate de 2 a 2 entre Brasília e Planaltina na primeira rodada do certame.
O levantamento foi feito com base nos borderôs divulgados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pela Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF). Todos os números foram coletados pela reportagem a partir dos sites oficiais das entidades. Foram desconsideradas partidas de torneios amadores, como a final do Juniores 2019.
Já a distância entre os públicos nacionais e locais também é considerável: 199.542 pessoas pagaram para ver Botafogo x Palmeiras, CSA x Flamengo, Vasco x Flamengo, Avaí x Flamengo e Fluminense x Corinthians. Nas competições locais, as 16 partidas levaram 38.092 pessoas ao Mané Garrincha, em torno de 19% do preenchimento com a Série A.
60 num jogo, 65 mil em outro…
Numa comparação entre os jogos de maior e menor público, o clássico dos milhões entre Vasco x Flamengo trouxe 1.083 vezes mais pessoas ao Mané Garrincha que a vitória do Real Santa Maria por 4 a 1, pela 5ª Rodada do Candangão. A partida entre rubro-negros e alvinegros teve 65.418 pagantes, enquanto Leão e a Águia do DF foram visto por 60 pessoas às 15:30 de uma segunda-feira.
A renda de Real e Santa foi de R$ 510,00, enquanto o clássico dos milhões colocou R$ 5.285.443,00 no bolso da organização. A diferença é tão gritante que dois ingressos para o camarote fechado e mais uma cerveja no jogo nacional já seriam suficientes para ultrapassar a renda local. O ingresso individual do camarote custou R$ 250,00. Em números comparativos, os R$ 510,00 representam 0,0096% da renda do clássico. Vasco e Flamengo rendeu 10.363 vezes mais.
Menor público da Série A é maior que final do Candangão
A grande final da primeira divisão local, segundo jogo entre Brasiliense e Gama em um empate por 2 a 2, teve 14.599 espectadores, para uma renda de R$ 251.366,00. Já Fluminense 1 a 0 Corinthians foi o nacional menos acompanhado, com 15.733 nas arquibancadas vermelhas do Mané, para renda de R$ 1.444.560,00. É a menor distância na comparação local/nacional, com apenas 1.134 pessoas a mais pra Série A. Já a renda permaneceu muito distante, quase R$ 1,2 milhões.
Capital e Real lideram uso Mané Garrincha
Três times usaram o Mané Garrincha como sua casa neste ano. Capital e Real fizeram do estádio o principal espaço para seus jogos no Candangão 2019, com seis jogos cada. O Flamengo não usou como mando próprio o Mané em nenhuma ocasião, mas atuou três vezes no centro de Brasília. Além disso, em todas as ocasiões a torcida rubro-negro era muito superior a de seus adversários.
Gama, Brasiliense e Brasília também mandaram partidas no Mané. O Gama utilizou apenas na primeira final do campeonato local, por força do regulamento, que prevê, obrigatoriamente, as finais no Mané Garrincha. Já o Brasiliense fez de sua casa duas vezes. A primeira na última rodada da competição, contra o Bolamense, por problemas no Serejão, e a última também na final da competição e por força de regulamento.
O projeto do Capital de fidelizar uma torcida do Plano Piloto com jogo seguido de feijoada foi bem sucedida. O time levou 10.078 torcedores ao estádio em seus mandos. Em nenhuma ocasião o Capital teve menos de 1.000 espectadores com mando próprio, e o maior público no estádio foi no empate por 2 a 2 com o Brasiliense, pelas quartas de final do Candangão 2019: 3.127.
Além disso, os preços baixos e promoções capitalizaram mais público que renda. Em arrecadação absoluta, o Capital somou R$ 16.262,00, uma média de R$2.710 por jogo. Em relação à media de público, de 1.679 pessoas, é como se o Capital cobrasse 1 real e 60 centavos por ingresso.
Em outra medida, o Leão do DF, Real Futebol Clube, teve variação grande de público. Na primeira fase do torneio local, em nenhuma partida o time levou mais de 800 torcedores. O maior público foi em Real 0 x 1 Gama pela 10ª Rodada, quando as duas equipes jogaram para 778 pessoas.
Nas semifinais, o cenário mudou: 1.776 pessoas, a maioria gamense, acompanharam a eliminação do Leão no Campeonato Candango. Este jogo também foi o de maior arrecadação. Na ocasião, R$ 26.300,00 foram parar nos cofres do Real.