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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Sala de Imprensa #20: Derrota no campo e vitória na arquibancada

A torcida gélida do Brasil foi superada pelo clima quente vindo da festa peruana no setor visitante do Mané Garrincha. Mesmo em menor número e com a goleada sofrida, os torcedores do Peru mostraram a paixão que sentem pelo futebol

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O texto se trata de um artigo de opinião e, portanto, é de inteira responsabilidade de seu autor. As opiniões nele emitidas não estão relacionadas, necessariamente, ao ponto de vista do Distrito do Esporte.

Por Lucas Espíndola

A semana começou bastante agitada no Distrito Federal. Depois da realização das partidas de ida das semifinais da Segunda Divisão do Campeonato Candango no fim de semana, a capital do país foi pintada de verde e amarelo para o jogo da Seleção Brasileira. Visando um bom duelo e precisando da vitória a todo custo, a delegação desembarcou em Brasília na última sexta-feira (11/10) e realizou três treinamentos antes do encontro com o Peru.

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O jogo foi realizado na terça-feira (15/11) e o Brasil venceu por 4 a 0, com gols de Raphinha (duas vezes), Andreas Pereira e Luiz Henrique. O resultado deixou a torcida satisfeita, que saiu feliz com a goleada aplicada. O triunfo foi importante, já que deixou a seleção na quarta colocação das Eliminatórias. Porém, quem se destacou fora das quatro linhas foram os torcedores peruanos, que fizeram uma bonita festa no Estádio Nacional Mané Garrincha.

Horas antes da bola rolar, um ônibus com as cores do Peru estava estacionado na frente da Torre de TV, dando indícios que teriam torcedores visitantes no jogo daquela noite. No transporte estava escrito “Vamos, Peru” e tinha uma bandeira enorme na parte de cima segurada por um bambu. Perto do confronto começar, muitos torcedores estavam em um complexo gastronômico fazendo um esquenta para o duelo. Muitos brasileiros e alguns peruanos se misturavam em meio a muita música e festejos.

Antes dos times entrarem em campo, eu percorri a área visitante do Estádio Mané Garrincha. Poucos torcedores do Peru estavam concentrados pendurando faixas e tirando fotos da grandiosa praça esportiva no centro da capital federal. Esses torcedores ganharam vários companheiros faltando 10 minutos para a partida começar. Neste momento entraram vários peruanos, que carregavam mais bandeiras, faixas de mão e instrumentos.

Torcedores do Peru na área visitante na Arena Mané Garrincha.
Torcedores do Peru no Estádio Mané Garrincha duas horas antes da partida. – Foto: Lucas Espíndola/Distrito do Esporte

A partir daí a festa começou e os torcedores começaram a ser notados. O barulho era inconfundível. Com uma murga, instrumento usado por barras bravas (um tipo de torcida organizada) da América do Sul, os cânticos começaram a ser entoados e tomaram conta de parte do setor oeste do Mané Garrincha. A torcida brasileira começou a cantar “Brasil, Brasil”, mas isso durou poucos segundos e a torcida peruana voltou a se destacar.

Durante a partida, os brasileiros também cantaram a famosa música “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” e ficaram bons minutos fazendo a tradicional ola. A Seleção Brasileira possui algumas torcidas que tentam cantar e fazer o torcedor comum acompanhar. Porém, o Movimento Verde Amarelo, única torcida que estava presente no Mané Garrincha, foi incapaz de fazer uma festa bonita.

Na tribuna de imprensa era impossível de ouvir a bateria do MVA, tampouco os cânticos entoados pelos integrantes. O Mané Garrincha estava gélido. O calor humano estava bom, com mais de 60 mil pagantes. Porém, mesmo com a multidão, a torcida da Seleção Brasileira ficou quieta em boa parte da partida, deixando um clima total de teatro em um estádio gigantesco. O que sobrou foi ouvir e curtir a festa dos barras bravas do Peru.

Mesmo com a goleada sofrida, os torcedores visitantes não pararam de cantar e tocar um só momento durante os 90 minutos de partida. Enquanto os torcedores brasileiros comemoraram a vitória e esvaziaram rapidamente o estádio, os peruanos ainda ficaram fazendo a festa, mesmo com a derrota acachapante. Enquanto o Brasil tem muitas estrelas dentro de campo, a principal estrela do Peru é sua apaixonada torcida.

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