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Por João Marcelo Pepi
O futebol sempre foi minha paixão pessoal. Obviamente, tenho meu time de coração, mas nada me impede de torcer e vibrar com as atuações de outras equipes. Há alguns dias, meu amigo e repórter deste site, Lucas Espíndola, veio com a ideia de irmos até o Antônio Accioly, o estádio do Dragão, em Goiânia, acompanhar o decisivo confronto entre Atlético-GO e Guarani, em busca do acesso à Série A do Brasileirão. Conversamos sobre como faríamos e decidimos ir.
Saímos por volta de 12h30 de Brasília e fizemos quase três horas de viagem de carro. Chegando no estádio, muitas coisas nos surpreenderam. A primeira foi a beleza da praça esportiva. Depois, os preços. Uma água por R$ 3,00, o refrigerante por R$ 6,00 – se comprássemos dois, ganhávamos uma mini camisa do Dragão e, obviamente, fizemos – e a cerveja por R$ 8,00 não é tão comum em estádios, principalmente em um confronto decisivo. O que falar do ingresso a R$ 10,00 se comparecesse ao estádio com a camisa rubro-negra do Atlético-GO? Sensacional iniciativa.
Faltando uma hora para a partida começar, o estádio já estava bem cheio, e a torcida começou o esquenta com a bateria da organizada. Nos acomodamos na arquibancada, e a euforia, já tão presente horas antes da partida, aumentou ao apito do árbitro. Por volta dos 15 minutos, gol do ABC. A gritaria tomou conta do Antônio Accioly. Além da possibilidade de acesso do Dragão, o resultado tirava o Vila Nova, rival do Atlético, do G4. Logo depois, gol do Ceará contra o Juventude, outra equipe entre as quatro primeiras.
Faltava só um gol do Atlético-GO para o acesso. Em meio aos cânticos da organizada, diga-se de passagem, bem efusivos e sem precisar ofender os rivais locais, um jogador do Guarani foi expulso. Pouco depois, 2 a 0 para o ABC e mais dois expulsos, um de cada lado, no confronto entre o Dragão e o Guarani. A festa era grande. Vale ressaltar que estávamos no meio da torcida organizada e a presença das crianças era grande. Um torcedor carismático, Paulo Henrique, falou com orgulho que era a torcida da família e que era assim toda partida.
Volta do intervalo e a euforia do acesso
Na volta do intervalo, a torcida aplaudiu o esforço dos atletas rubro-negros. Nos primeiros minutos do segundo tempo, gol do Atlético. Que festa, que alegria, que euforia. O carismático torcedor do Dragão e sua companheira nos alertaram: “cuidado, a torcida agora vai de um lado para o outro”. O Lucas estava com o celular na mão acompanhando os outros resultados e informando a torcida, que o consultava a todo instante. Para o Lucas, o recado foi “guarda o celular agora senão ele vai voar no balanço da torcida”. E no estilo da música “caranguejo”, do Babado Novo, os atleticanos se balançaram.
Três minutos depois, 2 a 0. Eu já estava vibrando como se fosse atleticano. O tempo correu, o Juventude virou, e o Vila Nova diminuiu o placar. Achei que a torcida fosse ficar tensa, mas a euforia era tão grande que a festa só aumentava. O goleiro Ronaldo, aclamado antes, durante e depois da partida, perguntou por três vezes aos torcedores quanto estavam os outros confrontos. A torcida, claro, respondia com animação. A equipe gaúcha decretou o acesso com o 3 a 1. O Dragão ampliou para 3 a 0, e o acesso era questão de tempo.
O ABC marcou 3 a 1 contra o Vila Nova, e a euforia do acesso explodiu. Torcedores chorando, felizes e se abraçando ditaram o tom do rubro-negro estádio Antônio Accioly. O goleiro Ronaldo, ao ouvir da torcida que o ABC havia ampliado, abriu um largo sorriso típico de um torcedor atleticano. Os jogadores do Dragão comemoravam, a torcida comemorava, e eu feliz por viajar a Goiânia para assistir a toda essa festa. Ah, ainda teve o segundo gol do Vila Nova, mas não dava mais, o Atlético estava de volta à elite do Brasileirão.
Festa com spray
A torcida quis comemorar o retorno à elite com os jogadores em campo, algo proibido. A polícia e a segurança particular do estádio intervieram com truculência. Não demorou para que o incômodo spray de pimenta fosse jogado no ar pelos militares. Pessoas começaram a passar mal, crianças chorando e correndo ao lado oposto do ar contaminado. Enquanto muitos torcedores confrontavam a ação da polícia, outros, em maioria, pediam calma. A frase era “subimos, vamos comemorar da forma certa”.
Assim, com grande parte pedindo calma, a torcida comemorou. O técnico Jair Ventura, os jogadores, o presidente Adson Batista e a cúpula rubro-negra ecoaram felicidade através do microfone. Admirando tudo, pensava o quão feliz eu estava vendo uma partida de futebol que não era do meu time de coração. Comemorei o acesso pelo clima instaurado no Antônio Accioly. A euforia tomou conta. Decidimos sair do estádio quase meia hora após o apito final. Entramos no carro e procuramos um lugar para se alimentar.
Volta a Brasília
Indicaram uma lanchonete próxima ao estádio. Alguns familiares, trajados de rubro-negro e felicidade, comiam. Pedimos um hambúrguer, e uma pergunta curiosa nos foi feita: “podemos colocar abacaxi, milho e cebola?”. Eu e Lucas falamos ao mesmo tempo: “abacaxi?”. O atendente percebeu que não éramos de Goiás e disse que colocaria o abacaxi separado para podermos experimentar em partes do hambúrguer. Admito que fiquei receoso, mas a mistura é interessante e saborosa. Lucas não curtiu, preferiu comer abacaxi após o hambúrguer.
Sorridentes com a incrível experiência vivida em Goiânia, decidimos voltar para Brasília. No caminho de volta, falamos sobre o jogo, combinamos de fazer isso mais vezes em 2024 e outros assuntos, até porque três horas de viagem não são tão simples. Quando Lucas me deixou em casa, me despedi dele e soltamos um palavrão para resumir o dia: “que fo#@”.
O Atlético subiu, a torcida deu um show nas arquibancadas do Antônio Accioly, e eu agradecido por viver a euforia do acesso rubro-negro.
Obrigado, Atlético Clube Goianiense!
Obrigado pela recepção, torcida!
Obrigado, futebol!