Virou praxe a combativa imprensa esportiva do Distrito Federal passar por extrema dificuldade e ser obrigada a superar uma égide de problemas para conseguir trabalhar no estádio Abadião, na Ceilândia.
De responsabilidade da Administração Regional da Ceilândia, o estádio não apresenta estrutura mínima para os narradores, comentaristas, repórteres, fotógrafos e câmeras transmitirem a emoção do esporte daquela praça esportiva.
Se no primeiro semestre do ano, especialmente durante o Candangão, a administração regional desligava a energia logo após o término das partidas, derrubando a transmissão de vários veículos de imprensa no Abadião – inclusive das emissoras oficiais, TV Distrital e Eleven Sports -, agora o ente público nem sequer vem oferecendo mesas e cadeiras para os cronistas trabalharem.
O Abadião não tem cadeiras fixas, como o Serejão, nas defeituosas quatro cabines que compõem o estádio. É necessário o uso de equipamento plástico pela imprensa. Além disso, quatro cabines não servem, sequer, para os veículos de transmissão ao vivo trabalharem. O número de emissoras é maior que a estrutura disponível. E há muito tempo.
Jogo de ontem revela condições precárias
No jogo entre Brasiliense x Anápolis pela última rodada da primeira fase da Série D, ocorrido na tarde de domingo (17/07), seis veículos estavam presentes, sem contar profissionais de mídia impressa e online – como o Distrito do Esporte e o DF SPORTS+ -, de dados estatísticos e fotógrafos.
Desses, dois eram de Anápolis e quatro do DF.
Um dos profissionais locais precisou levar mesas e cadeiras próprias para conseguir trabalhar na área externa da cabine, no meio da tribuna de honra, onde ficam convidados dos times e outras pessoas. A ausência de isolamento ainda coloca cronistas em risco de ofensas físicas e verbais, que não são novidade no esporte local.
A administração regional não atende as demandas da ABCD, deixa a sala que fica com as cadeiras trancada e sem acesso dos seguranças. Além disso, há somente 3 cadeiras disponíveis nas cabines, número inferior ao número de espaços. Ou os profissionais levam seu próprio mobiliário, ou ficam em pé.
Narrador da rádio Esportes Brasília, Rener Lopes foi um dos que sofreu com as condições do estádio na tarde de ontem. “A gente chega no estádio para poder trabalhar e não há infraestrutura básica nenhuma. Não há um bebedouro, sequer cadeiras para podermos sentar e realizar o nosso trabalho. Fora a questão da energia elétrica, que quando estamos no ar, repentinamente, ela é desligada e nós somos obrigados a encerrar o trabalho”, disse.
Descaso da administração regional
Desde 2020 a imprensa esportiva enfrenta a falta de vontade e compromisso da Administração Regional da Ceilândia, liderada pelo grupo político do deputado distrital e candidato à reeleição Delegado Fernando Fernandes.
Um sem fim de reuniões, encontros, conversas e ofícios foi expedido pela Associação Brasiliense de Cronistas Desportivos ao órgão, a maioria sequer respondida. Hoje a administração está sob a batuta do advogado Cláudio Ferreira, correlegionário do governador Ibaneis Rocha e de Fernando Fernandes.
A gerência de Esporte e Lazer é de Tatiana Celestino da Silva.
Presidente da Associação Brasiliense de Cronistas Desportivos, Jânio Gomes repudiou a falta de compromisso da administração com a imprensa local:
“É lamentável o descaso da administração de Ceilândia com a imprensa esportiva em dia de jogos no estádio Abadião. A gente sabe que os problemas de infraestrutura existem no estádio e eles não podem ser resolvidos de imediato. Mas a gente também sabe que medidas paliativas simples, como disponibilizar cadeiras e fazer a limpeza do único banheiro que existe nas cabines de rádio, amenizariam por demais as péssimas condições de trabalho da imprensa. Contudo, nada disso tem sido feito. Há uma omissão muito grande da administração nesse sentido. A palavra adequada para resumir tamanho descaso é má vontade, o que, infelizmente, acaba refletindo de forma negativa nas tentativas que o atual governo vem fazendo para demonstrar que ela é diferente das gestões passadas no que se refere à valorização do nosso futebol”.
A ABCD, novamente, oficiará a administração regional esperando que, desta vez, tenha, ao menos, resposta do órgão.