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terça-feira, 12 de novembro de 2024

Ex-gestor do Santa Maria assume manipulação no Candangão: “réu confesso”

Em depoimento à CPI da Manipulação do Senado, investidor disse ter enganado presidente do Santa Maria para agir e se intitulou como "rei do rebaixamento" por causar queda dos clubes em detrimento do lucro financeiro

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Investidor do Santa Maria na última edição do Campeonato Candango, William Pereira Rogatto assumiu ter agido deliberadamente para manipular as partidas do clube na competição local. A confissão foi feita na tarde desta terça-feira (8/10), durante oitiva da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas (CPIMJAE), no Senado Federal. O líder do esquema na Águia ainda fez várias denúncias envolvendo diversas competições nacionais.

Rogatto é citado em inquérito do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) como o chefe do esquema responsável por rebaixar o Santa Maria na competição local. A convocação para contribuir nas investigações realizadas pelo Senado foi sugerida por Romário (PL-RJ). William falou por mais de 1h30 na oitiva e respondeu perguntas dos senadores a respeito de como agia para manipular as partidas.

Em relação ao Candangão, Rogatto sequer se eximiu da culpa. “Réu confesso, totalmente. Infelizmente, eu vim rebaixar o Santa Maria. Desculpa, mais uma vez, peço perdão às pessoas. Eu enganei a presidente (Dayane Nunes), mas era o meu trabalho”, afirmou. O interrogado se auto-intitulou como rei do rebaixamento e declarou ter agido na queda de mais de 40 equipes, em todas os estados do Brasil.

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“Eu sou a máquina que está oferecendo dinheiro mais fácil para o atleta e dando dignidade para o cara dar de comer à família dele. Será que eu sou tão errado assim? Fui um dos maiores. Se não o maior, um dos mais organizados. No Distrito, foi onde eu bati de frente com um cara muito forte. Aí, a gente vai naquela luta de poder. Eu perdi e fiquei exposto”, ressaltou.

Revelações

William Rogatto disse não ter encontrado grandes problemas para executar o esquema no Distrito Federal. A prática consistia em encontrar uma equipe com problemas financeiros e colocar jogadores dispostos a manipular o jogo em prol de lucro em casas de apostas. “Não estou matando ninguém, roubando ninguém, o sistema é falho. Estou indo contra o sistema. A criação da máquina me favoreceu, encontrei a brecha”, vangloriou-se.

O manipulador tentou ligar a ação à Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) e chegou a citar nominalmente, várias vezes, Daniel Vasconcelos como um dos intermediadores da chegada ao clube grená. O presidente da entidade local negou veementemente as acusações e citou ter levado o caso para investigação no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

“Daniel Vasconcelos jamais teve o contato e assim, em momento algum manteve ligação com o depoente. A própria presidente do Santa Maria, Dayana Nunes, revelou que a ponte para as apresentações das partes foi feita pelo seu treinador à época. Ademais, o presidente Daniel inclusive levou o relatório da Sport Radar ao MPDFT e ao Tribunal de Justiça Desportiva do Distrito Federal (TJD-DF), além de depor como colaborador no Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (GAECO)”, defendeu a FFDF, em nota.

Sem citar nomes, o depoente ainda fez uma análise sobre a situação do Candangão. “Hoje, tem um dono só e ele é muito poderoso. Não vou bater de frente com ele. Tem três clubes. Todos os votos são dele. Três equipes já é manipulação. Estou com um time e começo com seis pontos. O sistema é muito além do que estamos fazendo aqui”, afirmou Rogatto.

Âmbito nacional

A atuação no Distrito Federal foi apenas uma das lideradas por Rogatto. O manipulador diz atuar na área das interferências esporitvas desde 2009 e ganhou, aproximadamente, R$ 300 milhões no esquema responsável por rebaixar várias equipes. “O esquema de manipulação dos jogos só perde para política e o tráfico de drogas, em termo de valores”, debochou.

“O sistema é muito além disso. Estamos falando de dentro da CBF, de dentro das federações, tenho provas e vídeos. Isso não vai dar em nada, vai fazer vítimas do sistema e, no final, não vai acabar porque não é de agora. Isso existe há mais de 40 anos. Se eu tiver que pagar, vou voltar para o Brasil e pagar. Eu sou apenas uma ferramenta, o mundo do futebol é muito mais do que a gente pensa” disse aos senadores.

Rogatto afirmou correr risco de vida com o depoimento e evitou citar nomes. Mas “garantiu” a participação de árbitros e até políticos na manipulação de resultados no Brasil. O depoente foi convidado a colaborar em uma delação premiada e aceitou. Com isso, representantes da CPI devem ir até Portugal, onde o manipulador reside, para ouvir possíveis novas denúncias. “São pessoas perigosas. Só resolvi falar hoje porque estou pensando que tem que acabar com isso”, indicou.

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