Por Bruno H. de Moura
Empresário bem sucedido que escolheu a capital federal para fincar seus pés no universo futebolístico, Luís Felipe Belmonte vem se abrenhando no mundo político desde que decidiu posicionar seu sobrenome nas rodas de influência nos rumos do país.
Ao se lançar à suplência de senador na chapa vencedora de Izalci Lucas (PSDB/DF) e bancar a campanha milionária de sua esposa, Paula Belmonte (Cidadania/DF), hoje deputada federal, Belmonte deixou de lado a alta dedicação ao futebol da capital federal, então sua atividade mor desde 2015, e mergulhou profundo nos mares revoltos da família de zeros.
Homem de visão, Belmonte fitou uma janela de oportunidade com a briga do presidente Jair Bolsonaro e seu antigo partido, o PSL. Bolsonaro entrou na sigla querendo ser a cart de propriedade, muito sugestionado pelo comportamento do avassalado PEN/Patriota de Adilson Barroso, partido com quem então negociava, mas não fechou.
Depois de tomar de conta do PSL na campanha e expurgar a corrente jovem liberal do Livres, hoje movimento suprapartidário respeitado nos ciclos intelectuais da política, Bolsonaro rompeu a união estável e iniciou a implantação de seu sonho de consumo, uma sigla com a cara do Bolsonarismo.
Belmonte, já misturado com o poder, estava na hora e lugar certos para auxiliar o capitão-mor em seu plano. Segundo suas próprias palavras à revista Veja, a ideia do nome do partido de “Aliança” foi dada por ele ao presidente. A advogado Karina Kufa foi a responsável por colocar o presidente do Real Brasília mais próximo do siglo de Jair.
Belmonte pagou o aluguel do bem localizado Golden Tulip, no coração empresarial de Brasília, do qual um dos sócios é o empresário acusado de envolvimento com o mensão do DEM, Paulo Octavio, para o evento de lançamento do Aliança pelo Brasil. Ao jornal O Estado de São Paulo, afirmou “O partido ainda não existe, não tem como fazer despesa. Eu, como estou participando desde o primeiro momento, fiz essa doação”.
Doação é uma característica pessoal do advogado, empresário e agora político. Na eleição de 2018 foi o segundo maior doador do país, com mais de R$ 3,9 milhões distribuídos entre o mais amplo escopo de nomes, partidos e linhas doutrinárias. Valor considerável, mas não desgastante para quem tem um patrimônio que beira na casa dos R$ 65,7 milhões, conforme declarações próprias ao TSE no ano passado.
Além dos investimentos fora do país, Belmonte passou anos administrando seus negócios, inclusive futebolísticos, da Inglaterra, o empresário é proprietário de grandes prédios no centro da capital. Entre a planta de investimentos, um prédio da Procuradoria-Geral da República (PGR) e outro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Segundo reportagem da revista Veja desta semana, apenas com os dois edifícios, Belmonte garantiria R$ 769.080,00 mensais até 2021.
Em reportagem publicada na edição desta semana da revista Veja, os repórteres Eduardo Gonçalves e João Pedrosa de Campos contam que o empresário enricou com advocacia de massa, especialmente precatórios, e diversificação de investimentos, especialmente no setor de construção e incorporação imobiliária.
Em 2017, o empresário foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por, supostamente, ter pago R$ 800.000,00 ao ex-desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 14ª Região – responsável pelo Acre e Rondônia -, por uma decisão que liberou o recebimento de R$ 11 milhões em pagamento de precatórios. A denúncia contra Belmonte tramita na Justiça Federal de Rondônia, segundo a revista.
A revista ainda conta que Belmonte deve assumir a presidência da Aliança pelo Brasil, quando o partido for fundado, na capital federal. No plano nacional, o empresário já é apresentado como 2º Vice-presidente da sigla, atrás apenas de Jair Bolsonaro, o manda-chuva do partido, e do senador Flávio Bolsonaro, envolto nas rachadinhas de Fabrício Queiroz e 1º Vice-presidente da Aliança pelo Brasil.
Além, o empresário pode vir a ser, num futuro próximo, senador da República. Caso Izalci Lucas se candidate ao governo do DF em 2022 ou vire ministro da educação, o cargo cai nos colos do dono do Real Brasília.
No plano futebolístico, Belmonte segue na presidência do Real, um dos times que mais investe para a próxima temporada, não apenas no futebol masculino. As meninas do Real Brasília garantiram vaga à divisão de acesso da elite do futebol nacional para o ano que vem, e a equipe promete ampliar o investimento.
É o caminha mais fácil para Belmonte estar não apenas entre os homem mais importantes da política, mas também do futebol nacional, mesmo que para isso acontecer no futebol masculino ainda existe um longo caminho para o Real Brasília percorrer. Belmonte já mostrou que tem paciência suficiente para aguardar os frutos de suas investidas estarem ao ponto da colheita.