Por Danilo Queiroz e João Marcelo
A nova recomendação emitida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) indicando que a Federação de Futebol (FFDF) mantenha a suspensão das atividades que envolvem o Campeonato Candango (treinos e jogos) pegou de surpresa os dirigentes do clubes locais, que já se articulavam internamente para buscar as autorizações necessárias para retomar a competição em 18 de julho.
Procurados pela reportagem do Distrito do Esporte, boa parte dos mandatários dos times que estão classificados para às quartas de final e aguardam a retomada do torneio local lamentaram o posicionamento do órgão ministerial, que nos primeiros dias de maio já havia orientado o prosseguimento da paralisação do Candangão e vetado o uso de qualquer praça esportiva do DF durante a pandemia do coronavírus.
O site abriu espaço para dirigentes de quatro dos oito clubes que estão classificados para as quartas de final do Campeonato Candango para que eles pudessem comentar a decisão proferida pelo Ministério Público na sexta-feira (19/6): Formosa, Capital, Real Brasília e Luziânia. Conforme outros cartolas procurados se manifestem, esta reportagem será atualizada.
Henrique Botelho: “Discordo frontalmente do MPDFT”
Um dos principais defensores da retomada das atividades do futebol, Henrique Botelho, presidente do Formosa, criticou o MPDFT e disse “discordar frontalmente” do novo ofício emitido pela força-tarefa. “Recebemos isso com muito pesar. É frustrante. Precisamos terminar a competição e dar normalidade às coisas. Chega dessa confusão. Estava na hora de retomar, mas infelizmente precisamos cumprir”, ressaltou.
Na visão do mandatário do Tsunami do Cerrado, o órgão está impondo ao futebol um papel de vilão “injusto, descabido e desproporcional”. “O MPDFT, como todo aparato do judiciário brasileiro, é um grande circo. Comentem ingerências a todo instante com postura reativas e posicionamentos impeditivos, nunca propositivos. Só dizem que não pode, mas nunca ajudam a achar um caminho”, criticou.
“Se o futebol não tivesse parado, o número de casos não teria aumentado nem diminuído. Mas essa é a face das instituições brasileiras legalmente constituídas. Só resta acatar. Vamos ter que ficar de braços cruzados e deixar a turma do Judiciário brasileiro ditar as regras do país de toda natureza, mesmo discordando frontalmente”, acrescentou o presidente do Formosa.
Luís Felipe Belmonte: “Não são eles que vão ficar desempregados”
Presidente do Real Brasília, Luís Felipe Belmonte seguiu o tom de Botelho e também não aprovou a análise do MPDFT. “Trata-se de uma propriedade particular e privada. Com as devidas responsabilidades e regras de segurança, o que eu faço dentro da minha propriedade é uma responsabilidade minha e o Ministério Público não tem poder de interferir nisso”, analisou.
“Eu acato qualquer sugestão que venha em favor da segurança das nossas atividades, mas não são eles que vão ficar desempregados. Eu mantenho minhas responsabilidades, minhas regras de segurança e dentro da minha área privada e particular eu exercerei aquilo que entender que entender necessário e conveniente para o grupo pelo qual sou responsável”, finalizou Belmonte.
Bruno Mesquita: para o Luziânia, volta é complicada
A visão do Luziânia vai por um caminho um pouco diferente das demais equipes. Apesar de estar de acordo com a sugestão, o Igrejinha ressalta que isso se não se deve ao Ministério Público em si, mas em razão às dificuldades que está enfrentando para realizar a testagem dos funcionários, local de treinos e estádio para jogar. Vale lembrar que no município goiano as atividades esportivas estão suspensas até 30 de julho.
“O Daniel Vasconcelos, presidente da FFDF, não é a favor da volta agora e o Luziânia acha o mesmo. Nosso posicionamento era retomar em novembro, com pré-temporada em outubro e finalização em dezembro, estando pronto para começar o Candangão 2021 em janeiro. Por questões contratuais, os clubes não aceitaram. Ficamos contentes por ter uma data definida, mas é preciso ter cautela”, ressaltou Bruno Mesquita, diretor de futebol do clube.
“Nossa situação é mais complicada porque a prefeita de Luziânia soltou um decreto proibindo a volta das atividades esportivas no município até o final de julho. Para a gente, é bastante complicado sem campo para treinar e estádio para jogar. Não contávamos com esse ofício do MPDFT, mas vamos aguardar a FFDF e a prefeitura. Se for mantido para 18 de julho, vamos voltar com muita luta e conversa”, finalizou Mesquita.
Godofredo Gonçalves: “Vemos com naturalidade”
Outro entusiasta do retorno do Campeonato Candango nos próximos dias, o presidente do Capital, Godofredo Gonçalves, analisou os pontos positivos da recomendação do Ministério Público. Na visão dele, partes do posicionamento indicam satisfação do órgão com o planejamento que vem sendo montado para a retomada das atividades esportivas do Distrito Federal. O Coruja chegou a criar um próprio documento de orientações.
“O Capital vê com naturalidade. No final da manifestação, falam que ainda não teve o aceite do GDF, o que é natural. Precisamos ter autorização dos órgãos de saúde para retomar os treinamentos. No meio da nota, eles elogiam e aprovam, falando que o protocolo apresentado está adequado. É mais um motivo para o GDF autorizar a retomada do campeonato. Somos uma categoria profissional”, analisou.
Godofredo também aproveitou para pedir uma solução breve da questão por parte do governo local. “Assim como outras áreas, precisamos exercer nossa profissão. Esperamos brevemente que isso seja resolvido. O futebol é uma das profissões com mais condições de ter controle de qualquer exposição sanitária. Com as medidas sendo tomadas de forma adequada, podemos exercer as atividades de forma segura”, garantiu.