Na manhã desta quarta-feira (11/12), aconteceu mais uma série de oitivas na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. Após ser citado por William Rogatto anteriormente em outra oitiva quando o réu confessou ser o ‘Rei do rebaixamento’, Daniel Vasconcelos, presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), foi convidado a ser ouvido pelos parlamentares no Senado Federal.
O mandatário do futebol local fez uma breve abertura, quando relembrou falas de William Rogatto e contou sua trajetória no futebol do Distrito Federal. Presidente da FFDF desde 2017, Daniel Vasconcelos repetiu por duas vezes que nunca falou com Rogatto. “Não conheço, nunca recebi uma ligação desse cidadão e nunca falei com ele”, disse Daniel. Durante as perguntas de Romário Faria e Jorge Kajuru, o presidente da federação detalhou como a denúncia chegou às autoridades.
Segundo ele, a Sport Radar, empresa que coleta e analisa dados esportivos para casas de apostas e que tem um contrato com a FFDF, alertou a CBF sobre uma possível manipulação de resultados no Candangão. Após a denúncia, a entidade maior do futebol brasileiro entrou em contato com a federação do DF, pedindo respostas à entidade num prazo de 72 horas. Logo que a denúncia foi recebida, Daniel tratou de enviar a denúncia ao TJD-DF e ao Ministério Público.
Daniel Vasconcelos disse que agiu de forma cautelosa quando descobriu que um investidor chegaria ao Santa Maria para o Candangão 2024. O presidente alertou a um promotor de justiça para ficar de olho no clube, pois a chegada desse investidor abriu um alerta para todos. Daniel disse que, sempre que chega um investidor em algum clube do Distrito Federal, a FFDF busca saber sobre ele e levanta informações sobre a nova pessoa que está chegando à equipe.
Durante a oitiva, Daniel Vasconcelos mostrou um grande livro com vários documentos que serão mostrados aos senadores Jorge Kajuru e Romário Faria no Senado Federal. O presidente comentou que foi prejudicado em âmbito familiar e que falará de forma sigilosa aos parlamentares. A reunião ocorreu após a oitiva do empresário Ede Ferreira Junior, que foi ouvido após as falas de Daniel Vasconcelos.
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Relembre o caso
Investidor do Santa Maria na última edição do Campeonato Candango, William Pereira Rogatto assumiu ter agido deliberadamente para manipular as partidas do clube na competição local. A confissão foi feita em outubro, durante oitiva da CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas (CPIMJAE), no Senado Federal. O líder do esquema na Águia ainda fez várias denúncias envolvendo diversas competições nacionais.
Depois de um mês, William Rogatto foi localizado no Oriente Médio e detido pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) na manhã de uma sexta-feira. A Polícia Federal brasileira foi informada da detenção através do senador Carlos Portinho, do Partido Liberal do Rio de Janeiro. O senador é um dos membros da CPI de Manipulação de Apostas e Resultados Esportivos. O parlamentar busca pedir a extradição de Rogatto ao Brasil.
Como surgiu a denúncia discutida na CPIFoto: Reprodu
Em março de 2024, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) cumpriu um mandado de busca e apreensão contra dois jogadores do Santa Maria sob a suspeita de envolvimento na adulteração dos placares de partidas do clube em 2024. De acordo com o MPDFT, os principais alvos da Operação Fim de Jogo são o zagueiro Alexandre Batista Damasceno e o lateral Nathan Henrique Gama da Silva.
As diligências apontam atuação dos jogadores na manipulação de, pelo menos, duas partidas. As goleadas sofridas pelo Santa Maria para o Ceilândia, por 6 a 0, e para o Gama, por 5 a 0, são os confrontos apontados pelas autoridades. O Gaeco apura, ainda, informações sobre o envolvimento de William Pereira Rogatto. O empresário seria um dos investidores do Santa Maria e teria colocado jogadores no clube para a disputa do Candangão 2024.