Após a conturbada saída de Paulo Roberto Santos do comando do Brasiliense, o clube já tem um novo nome para ocupar o cargo de treinador durante o restante da temporada. Depois de quase quatro anos no Anápolis, Luiz Carlos Winck deixou a equipe goiana para assumir o Jacaré. Como técnico, Winck soma passagens por Caxias-RS, Juventude-RS, Criciúma-RS, São José-RS, Sampaio Correa-MA e outras equipes tradicionais do cenário nacional. Ainda quando era jogador, o ex-lateral-direito se tornou ídolo do Vasco da Gama e do Internacional de Porto Alegre e conquistou duas medalhas de pratas em olímpiadas pela Seleção Brasileira.
Nos últimos três anos e meio, Luiz esteve à frente do Anápolis de forma contínua. Tamanha continuidade transformou Winck o treinador com mais partidas à frente do ‘Galo da Comarca’, com 86 jogos à beira do campo. Neste ano, os números foram de oito vitórias, quatro empates e sete derrotas em 19 confrontos. Em 2023, o comandante foi eleito o melhor técnico do Campeonato Goiano, quando alcançou as semifinais do torneio. Na mesma temporada, comandou a equipe anapolina até as oitavas de final da Série D, sendo eliminado pela Ferroviária, vice-campeã do torneio.
Tamanha identificação com o ‘Tricolor da Boa Vista’ ainda rendeu ao treinador uma homenagem na Câmara Municipal, com o título de Cidadão Anapolino. Depois de desembarcar em Anápolis pela primeira vez em 2021, Winck garantiu a Série D em todos os anos à frente do clube. Após o bom desempenho no Campeonato Goiano de 2023, a equipe comandada por Luiz Carlos garantiu a vaga na Copa do Brasil desta temporada. Na primeira fase, bateu a Tombense, em casa. Na rodada seguinte, o ‘Galo da Comarca’ perdeu de virada para o Botafogo-SP e se despediu do torneio.
Sem calendário no restante de 2023 após a eliminação nas oitavas da Série D, o comandante deu continuidade à temporada no comando do Itumbiara, na terceira divisão do Goianão. Entretanto, foram apenas treze dias e dois jogos à frente do clube, pois o mesmo havia recebido outra proposta mais vantajosa do Centro Oeste, este na Divisão de Acesso do Campeonato Goiano. Por lá, conduziu a equipe no restante da campanha que terminou com o quarto lugar no campeonato, perdendo a vaga na elite na última rodada.
O grande prestígio em terras goianas credenciou Winck a quase alçar voos maiores na carreira. Após receber o prêmio de melhor treinador do Campeonato Goiano em 2023, teve seu nome ventilado no Goiás, à época na Série A do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, o treinador por “detalhes” não assinou com o Esmeraldino. Em meio à Serie D do mesmo ano, foi especulado no rival, Atlético Goianiense. O negócio também não andou para frente.
Mesmo com o insucesso das negociações recentes para equipes de prestígio nacional, Luiz Carlos Winck passou por algumas equipes tradicionais do país. Em 2017, esteve á frente do Criciúma durante a Série B do Brasileirão. No mesmo ano, se transferiu ao Caxias, onde obteve a melhor campanha do Gaúchão da temporada seguinte. Após o destaque na equipe grená, ‘pulou o muro’ para assumir o Juventude, à época na segunda divisão nacional. Dentre outras equipes, passou por São José-RS, Sampaio Corrêa-MA, Cianorte-PR, River-PI.
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Lateral-direito de Seleção Brasileira e ídolo em gigantes nacionais: a carreira de Winck como jogador
Revelado pelo Internacional em 1981, aos 17 anos de idade, Winck despontou inicialmente como meio-campista. Na mesma década, passou para a lateral-direita de maneira “revolucionária”, por ter características ofensivas tal qual um ala. Se tornou ídolo no Colorado após sete anos de clube. Durante a primeira passagem, conquistou o tetracampeonato gaúcho consecutivo, entre 1981, 1982, 1983 e 1984. Posteriormente, após retornar do Vasco da Gama em 1991, foi novamente campeão estadual pelo clube gaúcho.
Antes de chegar em São Janúario em 1989, Winck por pouco não atuou na Alemanha, com a camisa do Hamburgo. Perto de assinar com os alemães, o lateral-direito sofreu uma fratura na perna e a negociação foi cancelada. Meses depois, assinou com o ambicioso Vasco da Gama, que acabara de tirar Bebeto do maior rival e buscava o bicampeonato brasileiro. Funcionou: os cruzmaltinos conquistaram o campeonato daquele ano, com assistência de Luiz Carlos para o gol do título, de Sorato, contra o São Paulo, no Morumbi.
Dentre as poucas polêmicas durante a carreira, o atual treinador do Brasiliense conta com a transferência para o Grêmio, arquirrival do clube que o revelou para o futebol. Pelo Tricolor Gaúcho, Luiz Carlos Winck faturou mais uma taça do Campeonato Gaúcho – este sendo o quinto de sete títulos estaduais do lateral-direito – em 1993. Além da dupla Gre-Nal e do Gigante da Colina, Winck também passou por Corinthians, Atlético Mineiro, Botafogo e Flamengo, antes de encerrar a carreira no Glória-RS.
Quanto à clubes, Winck relatou em entrevista ao portal oGol que única frustração da carreira foi não ter atuado na Europa. “Tive uma venda concretizada (para o Hamburgo), mas, em função da fratura, acabou se negando a ida. Depois, tive outra oportunidade, para o Sporting, de Lisboa, e acabei não indo. Acabei até me cobrando um pouco. Mas você vestir as maiores camisas do futebol brasileiro, ter o respeito de todos, foi muito importante”, comentou o novo comandante do Jacaré.
No que se diz respeito à Seleção Brasileira, outra frustração se dá por conta da disputa da Copa do Mundo de 1990, disputado na Itália. Após a temporada de destaque no Vasco da Gama e a conquista do título brasileiro, Winck foi convocado pelo então treinador Sebastião Lazaroni. Entretanto, uma fratura na perna esquerda ainda no Campeonato Carioca tirou o lateral-direito do mundial de seleções. Com a amarelinha, Luiz Carlos conquistou duas medalhas de pratas das Olímpiadas: 1984, em Los Angeles, e 1988, em Seul, na Coréia do Sul.