Por Luiz Henrique Borges
O último final de semana marcou as decisões nos nossos principais campeonatos estaduais. A lógica imperou em quase todos eles. Em Minas Gerais, o Atlético, que já havia construído uma importante vantagem no primeiro confronto contra o América, apesar de não ter feito uma boa partida, tônica da equipe comandada por Coudet, venceu novamente o seu adversário e conquistou o tetracampeonato. No Rio Grande do Sul, o Grêmio dominou o seu oponente e conquistou o hexacampeonato. A vitória magrinha contra o Caxias não refletiu a maior qualidade do futebol do tricolor.
O Athletico Paranaense venceu o Cascavel no primeiro confronto fora de casa e, apesar de ter dominado o seu oponente na Arena da Baixada, a partida terminou empatada sem gols. O resultado foi o suficiente para que o Furacão, após dois anos, voltasse a levantar a taça. No Nordeste, o Bahia, agora uma SAF, conquistou o seu quinquagésimo título estadual e se tornou a segunda equipe do país a alcançar tal marca. Só o ABC, do Rio Grande do Norte, supera o Bahia com 57 conquistas e poderá aumentar esse número uma vez que decidirá o campeonato potiguar contra o seu grande rival, o América-RN. No estado vizinho, o Fortaleza, após vencer o Ceará no primeiro jogo, arrancou um empate na última partida e conquistou o seu 46° título estadual.
Em São Paulo, o Palmeiras venceu com extrema autoridade o Água Santa por 4X0 e reforçou o epíteto que começou a ser construído em 2015 de papa-títulos. Neste período, o torcedor alviverde só não soltou o grito de campeão nas temporadas de 2017 e 2019. Foram três Campeonatos Paulistas (2020, 2022 e 2023), duas Copas do Brasil (2015 e 2020), três Campeonatos Brasileiros (2016, 2018 e 2022); duas Copas Conmebol Libertadores (2020 e 2021), uma Recopa Sul-Americana (2022) e uma Supercopa do Brasil (2023).
Mas, indubitavelmente, a final que gerou mais emoção foi o Fla-Flu. O rubro-negro havia construído uma excelente vantagem no primeiro jogo ao vencer o seu adversário por 2X0. Mas, o clube da Gávea conseguiu, durante a semana, inverter o clima positivo para a decisão. A equipe, então dirigida pelo Professor Pardal, ops, pelo Vítor Pereira, perdeu para o inexpressivo Aucas, enquanto o Fluminense derrotou o Sporting Cristal, ambos os jogos pela Libertadores. Mesmo com o ambiente mais tranquilo, o Fluminense tinha a pressão de ter que construir uma vitória convincente.
Os clássicos são jogos marcados pelo equilíbrio e iniciar o enfrentamento contra uma equipe que conta com um elenco poderoso e precisando fazer dois gols para levar a decisão para as penalidades, deixa a tarefa hercúlea. Imaginem, então, o morro que o tricolor teria que subir para evitar o sofrimento dos pênaltis… só com três ou mais gols de vantagem. E não é que ele subiu com destreza, com força, com inteligência, com determinação e com autoridade. A vitória por 4X1, fora o chocolate, em um Domingo de Páscoa, ficará gravada na retina e na memória dos tricolores até o fim de suas vidas.
Não vou dizer que o Flamengo estava irreconhecível, seria uma mentira. O rubro-negro apenas aguçou as falhas que acompanha a equipe desde o início do trabalho de Vítor Pereira, em especial, um sistema defensivo muito frágil, uma saída de bola pouco qualificada, negando uma das maiores marcas do time nos últimos anos, e um meio de campo esvaziado. As bobagens de VP não pararam por aí, as suas constantes mudanças na escalação e a péssima utilização de Gabigol, transformando o goleador em um apagado meia, selaram o destino do rubro-negro nas competições em que disputou e apressaram a compra, por parte do treinador lusitano, de sua passagem de volta para Lisboa o que lhe permitirá dispender mais tempo cuidando da sogrinha. Não foi por isso que ele abandonou o Corinthians?
Neste final de semana, começará o Brasileirão. Não há, neste momento, um único apreciador do futebol que resista às tentações dos prognósticos, ainda mais em um campeonato que promete, não pelo viés da qualidade, ser um dos mais emocionantes e disputados dos últimos anos, afinal, depois de muitos anos, as camisas mais tradicionais do futebol brasileiro estarão na mesma divisão.
Por se tratar de uma disputa longa e, para dificultar, diversos clubes estarão envolvidos também com as Copas, a força do elenco ganha uma relevância extrema. Nesse sentido, os clubes com maior poderio econômico, seja por estarem bem estruturados, seja por contarem com os mecenas, partem alguns degraus à frente. O Palmeiras, na minha opinião, encabeça a lista de favoritos. Apesar do momento negativo, inclusive o Flamengo está perdendo, no momento em que escrevo, para o Maringá por 2X0 pela Copa do Brasil, não acredito que a catástrofe durará até o final do ano e o clube da Gávea é um dos postulantes ao título. Ao seu lado, outra equipe que ainda não decolou, o Atlético Mineiro. Mas, com os recursos de seus mecenas, com o imparável Hulk e com a inauguração do seu estádio, o alvinegro de Minas Gerais também é candidato para ficar com a taça.
Correndo por fora, mas com a “vantagem” de não estar nas competições continentais, o Grêmio, poderá ser a surpresa na disputa no alto da tabela. O Fluminense, apesar do trabalho longevo e muito qualificado do Fernando Diniz e do título carioca conquistado, conta com elenco reduzido, no entanto, ele certamente estará no alto da tabela e disputando, no mínimo, uma das vagas para a Libertadores do próximo ano.
Se eu tivesse que apostar, diria que o Athletico Paranense, o Fortaleza, o América Mineiro, o Internacional e o São Paulo completarão a primeira página da tabela de classificação. Daí em diante, em diferentes níveis, inclusive com clubes que podem até surpreender na classificação, a maior preocupação dos torcedores é se distanciar do rebaixamento. Há sempre os candidatos naturais para o defenestrado e temido Z4, são os clubes de menor tradição ou que não costumam habitar por muito tempo a Série A, tais como, o Goiás, o Coritiba e o Cuiabá e, exceto o Grêmio, os que subiram da Série B no último ano, Cruzeiro, Vasco e Bahia.
O Botafogo caiu muito de rendimento em 2023 e se os reforços não forem contratados, inicialmente a sua luta é contra o Z4. O Corinthians não vem apresentando um bom futebol e ainda conta com um técnico pouco experiente. É bom abrir os olhos! Já, de olhos bem arregalados, deveria estar o Santos, que novamente fracassou no Paulistão e, mais uma vez, terá que lançar todas as suas esperanças nas crias da casa. Nem sempre a receita dá certo e o Peixe vem flertando com o fracasso há algum tempo. O Bragantino é sempre uma incógnita. Seu modelo de negócios, comprar jovens talentos para revendê-los por um bom lucro, já gerou equipes sólidas, assim como outras bem vulneráveis.
Minhas apostas estão feitas, e você, meu amigo leitor, fará as suas?