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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Técnico Celso Texeira foi conduzido à delegacia por confusão em condomínio

Reportagem teve acesso à integra de inquérito policial com medida cautelar envolvendo Celso Teixeira por violência doméstica contra sua companheira. Processo já foi arquivado a pedido da vítima

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Por Bruno H. de Moura e Danilo Queiroz

O treinador do Brasiliense, Celso Teixeira, foi preso em flagrante e precisou pagar R$ 5.000,00 para não dormir na delegacia em maio deste ano. Celso foi conduzido para a Delegacia de Atendimento à Mulher após vizinhos do treinador terem chamado a polícia no condomínio que residia, no Setor de Hoteis e Turismo Norte (SHTN), por suposta violência doméstica contra sua companheira. O treinador nega as supostas agressões.

Conforme Boletim de Ocorrência lavrado no dia 24 de maio de 2022, o agente de Polícia Militar Tiago Halley Barbosa foi verificar chamado por violência doméstica em um condomínio na região do lago. Ao chegar ao local, o agente deparou-se com o treinador e sua companheira – que para preservação de sua identidade terá apenas suas iniciais citadas na reportagem, J.F.M. A reportagem teve acesso à íntegra do processo de medida cautelar. Dias depois, a mulher pediu a revogação das cautelares.

Procurado pela reportagem para comentar e dar sua versão sobre o caso, o treinador do Brasiliense confirmou a discussão com a esposa na noite em questão, mas, ao lado da mulher, negou qualquer tipo de agressão física. Segundo Celso, o casal está reconciliado, fato que também consta no Boletim de Ocorrência e motiva, inclusive, que o processo não tenha novos andamentos na esfera criminal a pedido dela.

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Celso Teixeira diz que vizinhos escutaram apenas a discussão no apartamento e optaram por chamar a polícia, mas que, em nenhum momento, as testemunhas presenciaram algum ato de agressão contra a companheira. O treinador ressaltou que a mulher esteve com ele no jogo seguinte do Brasiliense, o acompanhou durante o afastamento médico e que a discussão, segundo ele sem violência, foi superada pelo casal.

Conforme apuração da reportagem do Distrito do Esporte, o Brasiliense não tinha conhecimento desses fatos. Procurado oficialmente, o clube preferiu não se manifestar.

Policial conta o que presenciou

Segundo consta do Boletim de Ocorrência, o agente de polícia disse que a vítima “se encontrava no apartamento de uma vizinha, tendo a vítima relatado ter sido empurrada e agredida por Celso com apertões em seu pescoço, sendo socorrida por vizinhos, que teriam intervido na contenda; Relata que, assim, foi conversar com algumas testemunhas, as quais confirmaram ter presenciado o conduzido agredindo a vítima, de forma que encaminhou todos a essa DEAM I”, diz o depoimento.

O agente afirmou que não presenciou as agressões, mas que encontrou Celso nervoso e querendo discutir com os vizinhos.

Depoimento de vizinhos relata ameaça do treinador

Duas testemunhas que residem no condomínio foram conduzidas até a DP e prestaram declarações. Uma delas afirmou que “estava assistindo televisão, quando passou a ouvir um casal discutindo e, em dado momento, barulhos de “pancada”, bem como gritos femininos pedindo ajuda; Informa que, assim, bateu na parede e gritou que chamaria a Polícia, dizendo que “aquilo era violência contra a mulher”. Aduz que mesmo diante disso, os gritos femininos seguiam e a voz masculina falava alto, inclusive palavras de baixo calão, como “sua vadia”, provavelmente se referindo à vítima”. 

Ao sair de casa para entender o que acontecia, a depoente diz que se deparou com Celso por cima da vítima, mormente ela e seu marido chamaram outros vizinhos para ajudar na situação. Após Celso ser afastado de sua companheira, segundo a vizinha, o treinador do Brasiliense teria “ao passar em frente ao imóvel da depoente, esmurrou a porta e teria gritado: “Eu vou voltar para te matar (…) Você não sabe com quem está falando (…) Vou voltar para te pegar”.

Mulher relata xingamentos e agressão no pescoço

Ao ser ouvida, J.F.M. contou que estava bebendo com Celso na residência dos dois, quando ela lhe indagou sobre mensagens entre ele e sua ex-companheira. Após isso, Celso teria se descontrolado e passou a xingá-la de “vagabunda”, “vadia”, dentre outras palavras de baixo calão.

A seguir, a vítima relatou os seguintes fatos, conforme o boletim de ocorrência:

“Assevera que o companheiro também avançou em sua direção, segurando-a pelo pescoço, no que, com medo de morrer, começou a gritar por ajuda, acreditando que vizinhos tenham acionado a Polícia; Informa que antes mesmo da polícia chegar ao local, Celso a arremessou para fora do imóvel, quando mais uma vez tentou segurá-la pelo pescoço, sendo, no entanto, contido por moradores, os quais não conhece; Afirma que o companheiro ficou um pouco irritado com os vizinhos, provavelmente por acreditar que eles não deveriam ter intervido na situação, esclarecendo, todavia, não ter ouvido Celso proferir ameaças contra ninguém, até mesmo porque procurou se afastar dele logo após a violência ter cessado; Indagada, afirma que em razão da agressão sofrida, apresenta lesões corporais aparentes no pescoço, negando qualquer violência contra Celso”

A vítima preferiu não representar contra o treinador, nem que houvessem investigações dos fatos, mas pediu a aplicação de medidas cautelares.

Celso Teixeira exerceu seu direito constitucional ao silêncio na delegacia.

Vítima decidiu não representar criminalmente e inquérito foi arquivado

Preso em flagrante por violência doméstica contra a companheira, Celso Teixeira pagou fiança de R$ 5.000,00 e foi liberado. As medidas cautelares foram concedidas, mas, a vítima J.F.M. entrou em contato com a Defensoria Pública do DF e pediu a revogação das mesmas.

Na manifestação da defensora pública representante de J.F.M. constou que “a requerente relatou que o episódio de violência se deu pelo fato de o requerido ter consumido álcool estando medicado de Clonazepan, não havendo anterior registro de violência. Ainda, informou ao psicossocial que o casal pretende manter a relação. Ademais, informou não possuir interesse na apuração criminal pelo crime de ameaça.”

Em 9 de junho de 2022, o juiz do 2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher de Brasília acatou o pleito e determinou a revogação das cautelares com consequente arquivamento do inquérito.

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