Por Bruno H. de Moura, João Marcelo e Danilo Queiroz
Um dos maiores efeitos da paralisação das competições esportivas provocada pelo coronavírus, a queda de arrecadação vem causando preocupação em dirigentes, que já se movimentam para tentar amenizar a situação. Reunidos em conferências virtuais, centenas de clubes brasileiros formularam uma carta onde solicitam auxílio à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para poder sobreviver à crise do período sem jogos. Os pedidos são endossados por Formosa, Capital, Ceilândia, Taguatinga, Ceilandense e Unaí.
Destacando a responsabilidade de gerar mais de 7,5 mil postos de emprego no país, os clubes signatários reivindicam o pagamento mensal de R$ 75 mil durante dois meses para arcar com despesas e a isenção das taxas relativas às transações de registro, renovação e rescisão dos vínculos de atletas junto às federações locais e à CBF. A intenção dos organizadores é reunir 250 assinaturas. Na última versão a que o Distrito do Esporte teve acesso, 105 presidentes já haviam manifestado apoio.
Entusiasta do movimento, Henrique Botelho, presidente do Formosa, destacou a importância da união dos clubes. “Sem dúvidas a ajuda financeira da CBF como a casa do futebol brasileiro será importante pra garantir o sustento dos mais de 7.500 profissionais que trabalham nos mais de 200 clubes. Para o Formosa é crucial, pois não temos de onde tirar recursos para honrar os compromissos com os atletas, comissão técnica e pessoal de apoio”, explicou o mandatário do Tsunami do Cerrado.
Destacando a legitimidade do movimento, Ari de Almeida, presidente do Ceilândia, espera que a CBF tenha sensibilidade de analisar a proposta. “A iniciativa partiu de clubes da Série C e está pegando proporção nacional. Temos equipes, inclusive no DF, que têm um calendário a ser cumprido. São 45 dias parados que acarretam problemas. Tentaremos viabilizar um auxílio para que essas equipes consigam sanar a situação. Estamos mostrando que os pequenos estão se articulando”, explicou.
Procurados pela reportagem do Distrito do Esporte, Godofredo Gonçalves, presidente do Capital e Edmilson Marçal, do Taguatinga, também confirmaram a adesão de seus clubes à mobilização e apoio às solicitações feitas à CBF. O representante da Coruja, inclusive, ressaltou que o Formosa está encabeçando o projeto em âmbito local. Apesar de ter o nome na carta enviada à entidade máxima do futebol brasileiro, Elias Andrade, mandatário do Unaí, não confirmou a adesão, mas disse conhecer o teor dos pedidos.
Veja a carta enviada à CBF na íntegra
“Em conferência virtual realizada na tarde deste domingo, 29 de março de 2020, nós presidentes dos clubes abaixo relacionados pactuamos:
1 – A crise sanitária porque passa o Brasil em face da pandemia do Coronavírus é gravíssima com agudas consequências para todos os segmentos da sociedade, entre estes o futebol profissional;
2 – Os clubes brasileiros têm sido parceiros nas medidas de prevenção e combate ao coronavírus e consequentemente na preservação da vida e assim permanecerão adotando medidas baseadas na ciência seguindo orientação de profissionais de saúde, autoridades governamentais, sanitárias e instituições ligadas ao esporte;
3 – Os 250 clubes signatários desta carta, que disputam os campeonatos estaduais, todos com atividades paralisadas, são responsáveis por mais de 7,5 mil postos de trabalho diretos no país, razão pela qual reivindicamos apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no valor de R$ 75 mil mensais, por dois meses, para fazer face às despesas atinentes aos contratos em vigência;
4 – Isenção de taxas cobradas por Federações e CBF na inscrição de atletas, rescisões de contratos, taxa anual de clubes e outras taxas.”