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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Sozinho na Arábia, preparador físico de Brasília passa por toque de recolher pelo coronavírus

Antônio Carlos, o Cobal, trabalha em time árabe e sofre consequências do coronavírus

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Por Bruno H. Moura

Há 17 dias Antônio Carlos só sai de casa para ir ao mercado e à farmácia. Distante mais de 11 mil e 500 quilômetros de sua esposa e filhos, o preparador físico do Al Khaleej Club (نادي الخليج بسيهات), time da cidade Saihat, é mais um candango atuante no futebol internacional a ser afetado pela pandemia mundial de coronavírus.

Conhecido do futebol candango por trabalhos em times como Brasiliense, Luziânia, Cruzeiro, Brasília, e, especialmente, na sua passagem pelo Sobradinho, Antônio Carlos, o Cobal, vive desde o início de 2019 na fechada Arábia Saudita.

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“O clube Al Khaleej é da cidade chamada “saihat”. Como a cidade é bem pequena, assim como Taguatinga, eu moro em outra cidade do lado que se chama “Dammam”. 20 minutos de carro para o treino no clube do Al Khaleej”, conta à reportagem do Distrito do Esporte, direto do apartamento que mora em solo Árabe.

Campeonato local ainda não foi suspenso, mas jogos seguem adiados

O campeonato local não está oficialmente suspenso. Os organizadores das competições de futebol Arábia Saudita estão adiando as partidas do torneio, mas não decidiram, ainda, suspender o torneio, como se vê em quase todos os países da Europa e no Brasil. “O último dia de treinamento foi dia 14 desse mês depois parou tudo, treinos e jogos”, conta o preparador físico.

Como a competição está na reta final, ainda há esperança do retorno desta temporada. “Restam apenas 11 jogos para nossa equipe, já adiaram 3 jogos e nesta terça feira será o 4º jogo adiado. O campeonato que era para terminar em 27 de maio – se for continuar e dependendo de quando iniciar – pode até chegar em julho… sendo que julho já começa a pre-temporada para a outra temporada…”

O time de Cobal está na Divisão 1 local, algo semelhante à Série B do Brasileirão. No país, ainda há a Primeira Liga, que seria a Série A da Arábia Saudita e a Segunda Divisão, equiparável à Série C brasileira.

Divulgação: Cobal

Cobal não descarta retorno ao Brasil

O preparador físico candango tem contrato até o final dessa temporada e possui chances de renovação. “Nossa equipe é hoje o 14º colocado com um jogo a menos que os demais. Não temos mais chances de brigar pelo título, mas temos que tentar terminar em colocação melhor para pelo menos permanecer na Divisão 1 profissional”, fala ao DDE.

Longe de casa desde 2019, Cobal ainda pensa no que fazer. Para ele, financeiramente ficar na Arábia Saudita é a melhor das escolhas. O país, que tem um dos maiores produtos internos bruto de todo o mundo, garante segurança de trabalho e de dinheiro ao profissional. Porém, a distância de seus filhos e da esposa pesa na balança.

“Aqui é bom, mas é um pais muito fechado, diferente do emirados. Estou aberto a propostas. Tenho possibilidades de continuar com o treinador, mas para voltar pra cá termos que pensar direitinho porque ficar longe da família, o que pesa muito. E se for da vontade de Deus que assim seja. Porém, quero ficar perto da minha família. Se surgir uma coisa boa para mim no Brasil perto da família e amigos também é um caso a se pensar”, confidencia no início do entardecer Árabe.

Toque de recolher com horário marcado. Quem desrespeitar pode ser preso

A cultura árabe é muito diferente da brasileira. Com maciça presença dos princípios do islamismo e uma forte corrente do uaabismo no cotidiano local, o país é chamado de Terra das Duas Mesquitas Sagradas. É lá que fica a Mesquita do Profeta (em Medina) e a Grande Mesquita (em Meca). Diariamente, milhões de muçulmanos ao redor do mundo apontam suas orações para Meca.

Rígida na religião, a Arábia adotou um forte combate ao coronavírus. Os aeroportos estão fechados, há toque de recolher diário, apenas comércio essencial funciona. A expectativa dos comandantes da monarquia saudita é ampliar o escopo da quarentena neste momento para retornar, logo, à vida normal.

Segundo Cobal, há toque de recolher toda a noite, começando às 19h de um dia e terminando às 6h do outro. Algumas cidades do país inicial o toque de recolher geral às 15h. “Tem um multa caso a pessoa for pega andando na rua entre 19pm as 6:00 am. Tudo fechado aqui, academia, escolas, lojas, shopping, restaurante só entrega..delivery!”

Casos Covid-19

6 am ate’ 7 pm
Maioria do país

6 am ate’ 3 pm
Riyadh
Mecah
Medhna
Qadif 

“A polícia patrulha sim, até a prática de atividade física na rua está proibida por aqui em Dammam. A polícia fechou a cidade: não entra ninguém, e nem sai.”, afirma.

“Eles aqui são bem rígido com tudo…Aqui você não vê pessoas nas ruas como no Brasil…Aqui eles estão tomando providências para tentar voltar a normalidade em uns 25 dias”, contou ao DDE.

 

Brasileiros sofrem para voltar da Arábia Saudita

Enquanto isso, diversos brasileiros que estavam na Arábia Saudita não conseguem voltar para a casa. Os voos partindo e chegando no país foram cancelados ou reduzidos drasticamente a o país não se esforça em tirar de lá os estrangeiros.

A embaixada brasileira em Riad, capital da Arábia Saudita, segundo relatos, pouco estaria fazendo para auxiliar os viajantes do Brasil na Arábia. Até o momento, Portugal, Marrocos e Peru são os países com melhor desempenho na empreitada.

 

Arábia passa por crise política por conta do Petróleo*

Não bastasse o coronavírus, a Arábia Saudita é fortemente atingida em suas finanças por uma guerra de preço no barril do petróleo com a Russia. Aliada aos Estados Unidos, a monarquia Saudita lidera um cartel de controle de preços do barril e pediu para haver uma diminuição na produção pretolífica, o que desagradou fortemente o governo Russo de Vladmir Putin.

O líder Russo bateu de frente com os árabes e ampliou a produção de petróleo local. Enquanto isso, os investidores do mercado de petróleo se deparam com um cenário ruim tanto do lado da oferta quanto da demanda pela commodity.

O impasse marca o fim de uma parceria entre os países que estava em vigor desde 2016 e que ajudou a reequilibrar os preços do petróleo após as cotações atingirem os patamares mínimos de US$28/barril em janeiro daquele ano.

*com informações de Valor Econômico

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