Por Danilo Queiroz
Sábado, 17 de agosto de 2019. Neste dia, Vasco e Flamengo entraram no gramado do Estádio Nacional Mané Garrincha para disputar o clássico carioca válido pela 15ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. Nas arquibancadas, 65.418 rubro-negros e cruzmaltinos acompanharam a vitória do Fla por 4 a 1 e bateram o recorde de público pagante no futebol brasileiro na temporada, que até então pertencia a um jogo da Copa do Brasil disputado no Maracanã, no Rio de Janeiro.
Segunda-feira, 19 de agosto de 2019. Cerca de 48 horas depois da grande festa em Brasília, a realidade do futebol candango voltou a bater a porta. Em reunião arbitral onde divulgou detalhes da Segunda Divisão do Campeonato Candango, que terá bola rolando no próximo sábado (24/8), a Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) informou que o principal palco do futebol candango está sem os laudos de segurança necessários para receber público no torneio de acesso à elite do futebol local.
De tão corriqueira, a situação da ausência de documentos já não espanta nem mesmo o mais otimista dos torcedores candangos. Mas o que explicaria o fato de o Mané Garrincha viver um dia de glória e poucas horas depois retornar ao limbo? Segundo a Secretaria de Esporte e Lazer, que vive seus últimos momentos como administradora do palco esportivo que será repassado à iniciativa privada integralmente em 2020, o processo causador do fenômeno é recorrente e deve ser mantido até o repasse para os novos gestores.
Segundo a pasta de esportes do Governo do Distrito Federal (GDF), quando o Mané Garrincha é reservado para eventos, cabe aos organizadores viabilizarem os laudos, que são emitidos apenas para a realização da atividade em questão. O clássico carioca do fim de semana, inclusive, seguiu o mesmo procedimento. Portanto, caso o Brasília, clube que mandará jogos da Segundinha na arena, queira contar com torcedores, terá de ir atrás dos documentos a cada partida.
Colorado esbarra na burocracia de liberação
Para a partida de estreia na divisão de acesso do futebol candango diante do Planaltina na tarde do próximo domingo (25/8), o Colorado conseguiu liberar o público. Porém, passou por bastante perrengue. Em comunicado divulgado em um grupo de WhatsApp que reúne torcedores do Brasília, o diretor de futebol do clube, Bruno Mesquita, esclarece que existe uma movimentação com o apoio da FFDF para elucidar a questão. Depois de muita luta, a liberação para ter torcedores só veio no fim da tarde desta terça-feira (20/8)*.
“Quanto ao nosso jogo no Mané Garrincha, estávamos no escuro. Há dois meses agendei os jogos do Brasília no local e me entregaram uma lista de mais de 35 documentos para correr atrás. Protocolamos tudo, contratamos e pagamos as empresas de segurança, mas toda às vezes que fomos lá a resposta foi a mesma: “não tem laudo. Se não tiver como, você arruma outro lugar para fazer o jogo””, explicou o cartola do clube, lembrando que chegou a esperar horas para ter apenas essa informação.
*No momento da publicação desta matéria, às 13h51 desta terça-feira (20/8), o Brasília ainda aguardava a liberação dos laudos para utilizar o Mané Garrincha. No fim da tarde, o Colorado entrou em contato com a redação do Distrito do Esporte para informar a obtenção dos documentos. O texto foi atualizado com a nova informação às 17h48
Jogo entre Fluminense e Corinthians seguirá o mesmo procedimento
Depois da festa de flamenguistas e cruzmaltinos no Mané Garrincha, será a vez dos torcedores candangos de Fluminense e Corinthians curtirem a chance de acompanhar seus times em campo de perto. De acordo com a Secretaria de Esporte, os organizadores do novo clássico nacional na cidade terão que percorrer o mesmo caminho e conseguir os laudos de Corpo de Bombeiros e Defesa Civil para que a arena tenha público. Os empresários que trouxeram o último jogo conseguiram êxito apenas na véspera da partida.
Mané Garrincha está em processo de transição para a iniciativa privada
O jogo entre Vasco e Flamengo foi o primeiro que teve participação assistida do governo local com a iniciativa privada. Em 26 de julho, o consórcio Arena BSB e a Agência de Desenvolvimento (Terracap) assinaram contrato de concessão de 35 anos do Centro Esportivo de Brasília, que abrange Mané Garrincha, o Ginásio Nilson Nelson e o Complexo Aquático Cláudio Coutinho. Com o acordo, veio um período de colaboração entre as partes por 180 dias. Após isso, a gestão será exclusiva dos empresários.
A concessão do equipamento público promete inserir Brasília no circuito nacional de grandes eventos, conforme já acontece no eixo Rio-São Paulo, transformando a rotina do brasiliense e atraindo à capital federal pessoas de outras cidades em busca de cultura, arte e competições esportivas de maior porte. No Mané, a promessa é que a população poderá aguardar por jogos de futebol de relevância, assim como shows com nomes nacionais e internacionais.