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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Criador da medalha dos JOIJ, Dante Akira Uwai conta processo de elaboração

Medalha dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024 foi desenhada por Dante Akira Uwai, morador do Distrito Federal. O arquiteto contou como ocorreu a decisão de participar, a criação da medalha e o anúncio do vencedor

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A próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude (JOIJ) ocorrerá em Gangwon, província da Coreia do Sul, em janeiro de 2024, mas o Distrito Federal já conquistou seu primeiro prêmio. O arquiteto paulista, morador da capital federal desde os cinco anos e graduado pela Universidade de Brasília (UnB), Dante Akira Uwai foi o vencedor do concurso do design da medalha. Ao Distrito do Esporte, Dante contou o processo de criação da peça tão cobiçada pelos atletas.

O arquiteto detalhou sua primeira ideia para a medalha, o conceito que quis expressar no desenho, a união dos valores olímpicos e o lema da próxima edição do evento e a reação ao receber a notícia de que sua criação havia sido escolhida. Dante também comentou sobre a expectativa para a competição, o desejo em ver a peça sendo reverenciada pelos atletas e o simbolismo que ela representa.

Estreia no concurso e decisão

Dante revelou que a participação neste processo foi sua estreia. “Foi a primeira vez que participei desse concurso da medalha, mas não é a primeira vez que participo de um concurso de design”. O arquiteto falou sobre outras disputas em que esteve presente. “Durante a faculdade participei de outros concursos, tanto de design quanto de arquitetura. É uma coisa que gosto muito”.

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O arquiteto confessou que perdeu uma oportunidade três anos atrás. “Esse da medalha acontece desde 2016. Em 2020, eu vi que tinha lançado, mas quando vi, já era tarde demais, já tinha passado o prazo de inscrição”. Desta vez, Dante aproveitou e explicou sua escolha ao participar. “A decisão veio por que eu gosto muito de participar desses concursos de projetos, eles dão uma liberdade grande para a gente explorar muitas coisas criativas”.

Inspiração para o desenho

Ao descrever sua ideia, Dante relembrou o significado dos jogos. “Minha inspiração para criar a medalha foram os valores olímpicos, inclusive era o que pediam. Criaríamos a parte da frente e a parte de trás seria o próprio comitê olímpico com elementos da cultura coreana”, revelou. O morador da capital federal completou. “Quando você vê os valores, enxerga que eles prezam muito a união, amizade, respeito e excelência. Então esses foram os princípios norteadores do desenho”, disse.

Desenho da medalha dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude em Gangwon 2024 desenhada por Dante Akira Uwai
Foto: Arquivo Pessoal/Dante Akira Uwai

Dante contou que uma matéria de seu tempo de graduação em arquitetura o ajudou na elaboração da medalha vencedora. “Sou arquiteto, então tive várias disciplinas sobre geometria na faculdade e também de composição artística, se chama fundamentos da linguagem e eu pude aplicar isso para o conceito ficar visual”, falou.

Anúncio do vencedor

Dante contou sua reação ao saber da vitória. “Foi uma felicidade muito grande, uma surpresa também”, revelou. O arquiteto descreveu os momentos antes de receber a notícia de que havia sido o vencedor. “Eles me mandaram um e-mail dizendo que eu estava no Top-3 e marcaram uma entrevista dizendo que falariam com os três finalistas”.

“Eu achava que essa entrevista ia ser parte do processo seletivo, então fui bem nervoso e ansioso, mas também animado. Eu sabia o que eu queria dizer com aquela medalha e sabia que era uma proposta forte”, contou. Porém, a entrevista já era o anúncio do vencedor. “Quando recebi a notícia, era uma coisa que eu não esperava. Esperava que eu fosse Top-3 ainda e fiquei muito feliz”, relatou.

A vitória trouxe aprendizado para Dante. “A vida de um artista é um caminho muito solitário. Você tem algo dentro de você que quer expressar, mas as pessoas não estão acompanhando isso. É uma coisa de você para você mesmo”. O arquiteto exaltou o amor-próprio. “As pessoas muitas vezes não vão valorizar o que você produzir, não vão gostar ou ser indiferente. Então o que você faz tem que agradar, acima de tudo, a você mesmo”.

O caminho escolhido por Dante causou incertezas. “Esse processo solitário me deixava em dúvida se era isso mesmo que eu queria levar para minha carreira, ser artista, ser arquiteto”. Após o anúncio, o arquiteto celebrou a conquista. “Quando vem um reconhecimento desse tamanho é uma coisa que me deixa feliz e todo o tempo dedicado valeu a pena”.

Processo de criação

Dante contou qual foi o primeiro pensamento para o design da medalha. “Falando em termos específicos sobre o processo de desenho, a minha primeira ideia foi pensando nas Olimpíadas como vitória, como esporte, como glória”. Akira Uwai explicou a idealização. “A minha primeira proposta tinha algo relacionado ao fogo, uma espécie de geometrização de fogo e que também fazia referência à tocha olímpica. O fogo como energia”.

Ao colocar os pensamentos em ordem, Dante chegou a uma idealização diferente. “Depois, quando comecei a entender mais sobre os valores olímpicos, veio outra ideia: conectar os valores olímpicos e o lema dessa edição das Olimpíadas “grow together, shine forever” (“crescer juntos, brilhar para sempre” em português)”, contou.

Por fim, o arquiteto definiu o seu objetivo com a medalha e colocou em execução. “A ideia foi pegar o “crescer juntos” para se aproveitar da diversidade das Olimpíadas para que nos tornemos mais fortes e o “shine forever” ser mais literal, mostrando as partes polidas da medalha como forma de brilho e mostrar ele acontecendo nas pessoas”, explicou.

Desenho da medalha dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude em Gangwon 2024 desenhada por Dante Akira Uwai
Fotos: Arquivo Pessoal/Dante Akira Uwai

Expectativa pelos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude

Como um dos prêmios da vitória, Dante irá a Gangwon, província da Coreia do Sul, assistir aos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude, que inicia em 19 de janeiro de 2024 e termina em 2 de fevereiro do mesmo ano, e revelou ser a estreia na competição. “Estou muito feliz. É a primeira vez que vou assistir uma Olimpíada in loco. Eu sempre quis assistir, acompanho desde criança, assisto todas as edições”.

Além da ida ao evento, Dante também receberá as três medalhas de ouro, prata e bronze, e contou sua expectativa em vê-las no pódio. “Vai ser um momento muito especial e principalmente ver a medalha no peito dos atletas. Espero que eles se sintam inspirados na medalha e represente algo para eles, mais que uma coisa bonita”. Akira Uwai definiu o simbolismo da medalha. “Um objeto que carrega consigo os valores olímpicos e tudo o que as Olimpíadas prezam”, finalizou.

Brasil em outras edições dos JOIJ

Os Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude somam três edições realizadas e o Brasil não conquistou nenhuma medalha até então. A primeira, em 2012, na Áustria, contou com dois brasileiros no slalom: Eliza Nobre e Tobias Macedo. Quatro anos depois, na Noruega, dez representantes do Brasil. Jéssica Victória e Marley Linhares (bobsled), Elian Rocha, Giovanna Barros, Raissa Rodrigues Victor e Cesar Santos (curling), Michel Macedo (esqui alpino), Altair Firmino (esqui cross-country), Laura Amaro e Robert Neves (skeleton).

Na última edição, em 2020, em Lausanne, na Suíça, o Brasil levou 12 participantes ao evento. Manex Silva, Rhaick Bomfim, Taynara da Silva ( também disputou o biatlo feminino) e Eduarda Ribera foram os representantes brasileiros no esqui cross-country. No snowboard cross, o nome foi Noah Bethônico de apenas 16 anos. Vitor Melo, Michael Velve, Gabriela Rogic Farias e Letícia Cid foi o time brasileiro no curling. Para fechar, Gustavo Ferreira, Larissa Cândido e Lucas Oliveira competiram por dois esportes: bobsled e o skeleton.

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