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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Árbitro de Brasiliense e Nova Venécia relata cenas de violência em súmula

Nos minutos finais da partida entre Brasiliense e Nova Venécia, válida pela fase mata-mata da Série D do Brasileirão, a torcida do Jacaré invadiu o gramado do Abadião e protagonizou cenas lamentáveis. Árbitro Antônio Dib de Moraes Sousa relatou toda a confusão em súmula

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Por Maurício Carvalho, Rayssa Loreen e Jéssika Lineker
O Brasiliense foi eliminado pelo Nova Venécia na tarde deste domingo (31/7) na Série D do Campeonato Brasileiro. A eliminação, infelizmente, passou longe dos holofotes do espetáculo. De maneira covarde e violenta, antes do encerramento do jogo, a torcida do Jacaré protagonizou cenas lamentáveis e invadiu o gramado do estádio Maria de Lourdes Abadia, o Abadião. Na noite deste domingo (31/7), o árbitro da partida, Antônio Dib Moraes de Sousa, relatou toda a confusão em súmula.

A confusão iniciou próximo do fim do confronto, aos 48 minutos da etapa final. O goleiro Paulo Henrique, do Nova Venécia, estava próximo à torcida organizada do Brasiliense e a partir da primeira invasão ao campo, foi o primeiro a dirigir-se ao vestiário. Daí em diante, parte dos torcedores correram em direção aos atletas dos dois times. O zagueiro Badhuga foi agredido com um chute de forma covarde. Os invasores não desistiram e tentaram invadir os vestiários. Além de golpes proferidos na intenção de arrombar as portas, objetos também foram atirados na direção dos vestiários.

Jéssika Lineker/Distrito do Esporte

Ineficácia da Polícia Militar

Assim que as movimentações de violência e o tumulto começaram, um fato chamou a atenção: a demora para a reação da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Os poucos agentes da corporação presentes no estádio, aproximadamente sete, se concentraram no meio do campo e focaram na proteção da comissão de arbitragem. Após uma longa demora para combater as reações da torcida organizada do Brasiliense, a polícia disparou tiros de bala de borracha e bombas de efeito moral com o intuito de apaziguar a situação.

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A falta de proteção nas arquibancadas e na área da imprensa foi outro fator a ser observado. Os torcedores (os pacíficos) evacuaram o estádio. A imprensa também foi vítima da violência. A transmissão da Instat TV – detentora dos direitos de transmissão da competição – mostrou uma cadeira sendo arrancada da tribuna de imprensa por um dos vândalos que estava com uma camisa obstruindo rosto. Em seguida, as imagens foram cortadas e a transmissão caiu.

Segundo membros da equipe do Distrito do Esporte, viaturas da Polícia entraram nos portões que dão acessos aos vestiários, onde estavam os ônibus da equipe. Uma grande concentração de torcedores também foi vista próxima a um comércio local, nas proximidades da Via Oeste da Ceilândia Sul. Mesmo após meia hora do ocorrido, os dois elencos permaneceram no estádio. Outra informação obtida foi a de confusões envolvendo os mesmos indivíduos, próximo às estações do metrô Ceilândia Sul e Guariroba.

Foto: Jéssika Lineker/Distrito do Esporte

O número de pessoas agredidas ainda é desconhecido.

Súmula detalha confusão na partida

O árbitro do confronto, Antonio Dib Moraes de Sousa, detalhou toda a confusão. Segundo a arbitragem, a torcida organizada do Brasiliense iniciou toda a confusão. Antônio Dib informou a tentativa de agressão aos jogadores das duas equipes, mas não citou o chute recebido pelo zagueiro Badhuga. O árbitro ainda documentou que duas bombas foram lançadas no campo, mas não chegaram a atingir os atletas.

Confira a súmula na íntegra:

“Relato que a partida foi paralisada aos 48 minutos do segundo tempo, quando a bola estava em jogo, devido à invasão de campo por membros da torcida organizada da equipe do Brasiliense F. C., que se localizava atrás da meta defendida pelo goleiro adversário no segundo tempo. Informo ainda que os referidos membros da torcida organizada da equipe do Brasiliense F. C. correram em direção aos jogadores de ambas as equipes, fazendo com que estes corressem em direção aos seus respectivos vestiários. Esclareço ainda que depois de os jogadores da equipe do Nova Venécia terem entrado no seu vestiário, os torcedores invasores tentaram arrombar a porta deste vestiário com socos e pontapés, porém sem êxito, devido à intervenção da polícia militar, comandada pelo 1.º sargento patamo bravo, Raimundo Nonato Barreira dos Santos. Informo que, logo após a invasão, a equipe de arbitragem se dirigiu ao seu vestiário escoltada por policiais. Após conversa com o já referido comandante do policiamento e com o delegado da partida, o sr. Rodrigo Paulino, a partida foi dada por encerrada por falta de segurança em prosseguir, tendo as duas equipes sido avisadas. Informo que foram lançadas duas bombas atrás da meta defendida pela equipe Nova Venécia, uma aos 39 minutos do segundo tempo, e outra aos 44 minutos do segundo tempo, oriundas de onde se localizava a torcida organizada da equipe Brasiliense F. C, não atingindo nenhuma pessoa envolvida na partida. Esclareço que em ambos os momentos, a polícia militar foi informada e a partida prosseguiu normalmente”

Torcida pode receber punições

De acordo com a Lei 13.912, de 25 de novembro de 2019, a torcida do Brasiliense pode  ser impedida de comparecer aos jogos por até meia década. Isso porque a Lei estabelece que “a torcida organizada que promover tumulto, praticar ou incitar a violência ou invadir local restrito aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou jornalistas seja impedida de comparecer a eventos esportivos pelo prazo de até cinco anos”. Antes, a multa era de três anos.

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