No último sábado (9/4), foi realizada a grande final do Campeonato Candango BRB, entre Ceilândia e Brasiliense, no Estádio Abadião. Em campo, o Jacaré levou a melhor e levantou o seu 11º caneco do Candangão em sua história. Porém, do lado de fora das quatro linhas, houveram alguns tumultos envolvendo torcedores e a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Pessoas foram agredidas e profissionais da imprensa intimidados.
O Estádio Maria de Lourdes Abadia estava lotado. Todos os ingressos foram comercializados, totalizando 1.500 torcedores e uma renda de pouco mais de R$ 6.000,00 (seis mil reais). Muita gente ficou do lado de fora e teve que voltar para casa sem ingresso. Uma parte dos adeptos foram entrando enquanto o jogo estava com a bola rolando, já que houve um atraso na entrada do estádio e uma revista lenta dos policiais, como relatou um torcedor ao DDE.
A equipe do Distrito do Esporte acompanhou diversos acontecimentos durante a final. O primeiro tumulto aconteceu assim que acabaram os 45 minutos iniciais. Após um breve corre-corre e alguns gritos, foram retirados pela Polícia Militar do DF alguns torcedores que estavam com a camisa do Ceilândia e outros adeptos sem vestimenta de clube. Vale lembrar que torcedores do Brasiliense estavam vetados, pois a partida poderia contar apenas com alvinegros nas arquibancadas.
Com o passar do intervalo, o que se via na parte de trás das arquibancadas do Abadião era um cordão de policiais. No meio deles, outros membros da PM retiravam torcedores do Brasiliense que estavam infiltrados na partida. Segundo um acompanhante do futebol de Brasília que estava presente vendo a partida, alguns desses adeptos do Jacaré provocaram e xingaram outras pessoas, fazendo com que a polícia retirasse os mesmos.
Durante a intervenção, muitos desses torcedores foram agredidos nas pernas e nas costas com cassetete. Em um certo momento, um rapaz foi retirado juntamente com sua namorada. Um dos policiais acertou uma pancada no jovem, enquanto a mulher, aos gritos, pedia para os militares pararem com as agressões. As bordoadas aconteciam até a pessoa atravessar o portão do estádio e sair pelo estacionamento.
Os momentos tensos continuaram durante todo o intervalo de jogo. Os policiais iam identificando torcedores do Brasiliense e retirando-os para fora do estádio. Perto da retomada para a segunda etapa, um adepto do Jacaré chegou perto da grade que separa as arquibancadas do setor da imprensa. O homem foi acertado com um golpe nas costas e, logo em seguida, foi expulso do Abadião.
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O segundo tempo seguia normalmente e parecia que não haveria mais confusões. O Brasiliense marcou com Aldo aos 20 minutos, a torcida do Jacaré explodiu nas arquibancadas. Foi o que bastou para que uma nova confusão iniciasse no Maria de Lourdes Abadia. Sem perguntar quem é quem, a Polícia Militar foi retirando os torcedores, novamente agredindo alguns que já se encaminhavam para fora. As pancadas aconteciam também em quem resistia aos comandos dos policiais.
O final do confronto reservou um momento lamentável. Assim que Maguielson apitou o fim da partida, poucos torcedores do Brasiliense comemoraram o título, jogadores também foram saudar a torcida. A Polícia Militar fez um cordão na grade que fica na beira do campo, e em um movimento conjunto, retirou todas as pessoas que estavam na arquibancada lateral. Poucos adeptos sobraram, em sua maioria quem portava a camisa do Ceilândia. Muitos não puderam acompanhar a premiação e o levantamento da taça.
Dentista é agredido pela PMDF
O doutor Iran Maldi foi acompanhar a finalíssima do Candangão BRB na tarde de sábado (9/4). O dentista possui amigos nos dois clubes, e pretendia tirar fotos com eles ao final do jogo. Porém, em vídeo divulgado pelo mesmo nas redes sociais, ele foi agredido pela Polícia Militar. Revoltado, Iran relatou e mostrou as marcas da agressão cometida pelos policiais. Veja a publicação e o vídeo abaixo.
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Imprensa é intimidada pela PM
Durante a partida, não foram só os torcedores que sofreram com a Polícia Militar. Três profissionais da imprensa foram intimidados pelos policiais, após os jornalistas gravarem o que estava acontecendo. Gustavo Schuabb, repórter da Rede Record de Televisão, foi alvo de piadas por parte dos fardados, dizendo que o profissional seria testemunha para os torcedores que estavam apanhando.
Gabriel de Sousa, do Jornal de Brasília, tirou fotos do que estava ocorrendo. Como ele mesmo relata em um comentário em uma rede social, um policial chegou por trás dele e questionou o porquê ele estava fotografando o ocorrido. A equipe do DDE também foi alvo da PM. Três policiais abordaram e questionaram o repórter sobre as filmagens que estava fazendo em um momento de confusão.
Procurada pelo Distrito do Esporte, a Polícia Militar do Distrito Federal não retornou os contatos. O espaço segue aberto para o posicionamento oficial da PMDF.
A PM DF estragou o Futebol Candango…totalmente despreparados fui agredido pelas costas, estava conversando normalmente com um amigo e só recebi a pancada e mesmo tentando falar com o PM ele continuou a bater sem nenhum motivo
Tinha um Cabo santos lá, batendo na galera igual a um maluco!!!A preguiçosa PMDF não sabe fazer um evento.Querem nos afastar do estádio e nunca vão conseguir!!Campeão porra!!!
Anderson Correia, se ver essa mensagem me procura. Apanhei desse acabo Santos e o caso já está na corregedoria, policiais civil, IML e vou entrar com processo civil contra ele. @driranmaldi me chama lá.