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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Joia lapidada: conheça os nomes por trás da evolução do “candango” Endrick

Endrick foi descoberto na escolinha Gol de Letra, no bairro Jardim Céu Azul, por casal de empresários locais em 2010. Chegou à cidade com apenas quatro meses, após nascer no Hospital de Taguatinga. Só deixou Valparaíso para ir para o Palmeiras

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Por Amarildo Castro

A mídia de todo o Brasil, e parte dos jornais e sites mundo afora, se renderam nos últimos dias a um garoto de porte físico avantajado, de talento assustador e gols absurdos, vistos nas redes sociais por milhões de pessoas, especialmente um marcado por ele contra o Real Ariquemes-RO, pela Copa São Paulo de Futebol Júnior. Trata-se de Endrick, o garoto prodígio de 15 anos, nascido em Taguatinga e criado em Valparaíso de Goiás, cidade de onde partiu em 2016 rumo à base do Palmeiras.

Quem vê hoje o talento do jovem atleta brilhando mundo afora nas redes sociais com seus gols desconcertantes pode até imaginar se tratar de uma surpresa no futebol nacional. Mas não é. O trabalho para a evolução do jovem atleta vem desde sua infância e tem a contribuição de diversos nomes. O garoto faz ‘estragos’ por onde passa desde os quatro anos de idade, sempre entortando adversários e marcando muitos gols nas categorias as quais já atuou.

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Somente na passagem pelas categorias de base do Palmeiras, Endrick marcou absurdos 167 gols em 170 jogos que disputou no time alviverde. Na Copinha de 2022, o garoto de 15 anos desponta como o maior destaque, mesmo jogando com atletas de até 21 anos.

Marília Rocha foi a primeira treinadora de Endrick, na antiga escolinha Gol de Letra, em Valparaíso de Goiás. Ajudou o garoto, ao lado do ex-esposo, Fábio Rodrigues, em quase tudo (Foto: Arquivo Pessoal)

Menino de origem humilde e simples, começou sua carreira na escolinha Gol de Letra aos quatro anos de idade, no clube CELEFA, em Valparaíso de Goiás. Seu pai, o também ex-jogador (mas sem muito sucesso como atleta) Douglas Ramos Sousa, levou o garoto para treinar em 2010, mas por pouco não conseguiu, porque a escolinha só atendia alunos acima de 6 anos. Mas, com a insistência do pai, a responsável à época pela unidade de treinamento, Marília Rocha, concordou em deixar Endrick treinar. A escolinha era tocada por ela e pelo então esposo, o empresário Fábio Rodrigues.

Marília conta que foi ela a primeira treinadora do garoto, e que logo nos primeiros treinos, percebeu a vocação do menino para o futebol e sua grande habilidade para uma criança com aquela idade. Então, desde já, decidiu investir.

Fábio Rodrigues foi o responsável pela ida de Endrick para o Palmeiras. Ajudou ainda na formação do atleta (Foto: Arquivo Pessoal)

Como o pai tinha situação financeira bastante difícil, Marília preferiu sequer cobrar mensalidade da família. Nos treinos, procurava lapidar a joia. Ela contou que nesse período, além do próprio Fábio, o apoio dos técnicos de futebol Francisco Wallas do Prado, professor, pós-graduado em Educação física pela Universidade Católica de Brasília, e hoje proprietário Escola de Futebol Start Sport, além de Welinton Carvalho, o Helinho, também foram importantes.

“Em 2010, treinei o Endrick quando era professor da Escola de Futebol Gol de Letra. Endrick tinha 4 anos de idade e já mostrava ter um desenvolvimento biológico adiantado tanto na parte física como cognitiva.” Ele conta que o trabalho que foi feito Habilidade Motora Fundamental e princípios tático geral foram realizados seguindo a sua idade biológica e não cronológica. Assim, teve destaque, passando a ser monitorado pelo São Paulo.

Welinton Carvalho também esteve entre os primeiros treinadores de Endrick no iníco da carreira (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Marília, o principal ponto positivo para Endrick foi todo o apoio que recebeu de gente certa no momento certo, sem aquela situação de olheiros em cima para tentar lucrar financeiramente com menino a qualquer custo.

Em busca de melhorar a competividade, Fábio e Marília, em 2013, fizeram uma parceria com o Brasilia Futebol Academia, comandado por Écio Antunes. Mesmo assim, manteve o menino na Gol de Letra. Mas na Academia Brasília, disputou, no DF, os principais campeonatos para sua idade, como a Copa HC, Copa Dente de Leite, entre outros, sendo sempre um dos maiores destaques. Foi nessa escola de base onde o garoto passou a despertar o interesse de grandes clubes.

Endrick, com Écio Antunes do Brasília Academia, escola que o revelou para o cenário nacional (Foto: Arquivo Pessoal)

No final de 2014, a Escola Gol de Letra foi terceirizada passando o dono ser Silas Eduardo Severino, fundador da Brazuquinhas, onde Endrick continuou também a treinar, agora, com uma carga mais pesada de exercícios.

Nessa fase, conta Silas, responsável pela Brazuquinhas, o trabalho foi reforçado com uma carga bem maior de exercícios. Ele explica que Endrick treinava uma parte da atividade com garotos mais velhos, onde era livre para fazer o que queria com a bola, e na categoria de sua idade, só poderia chutar com a perna direita no geral, considerada a perna ruim. Isso para que pudesse desenvolver habilidade tanto com a direita, quanto com a esquerda. “Ele ficava bem chateado em não poder usar as duas pernas no treino com garotos da sua idade, mas isso o ajudou a capacitar melhor o chute com as duas pernas”, disse Severino.

Com Silas Severino, um dos últimos treinadores do garoto no DF (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Francisco Wallas, Fábio, em especial, foi o responsável direto pelo sucesso do atleta em um grande clube. “Fabio e Marília, até um certo ponto, planejou, investiu e cuidou do Endrick e de sua família, desde sempre, sendo este quem escolheu o Palmeiras. Portanto, o Endrick com todo o seu talento é produto de um planejamento de um grande homem o qual tenho a honra de participar do projeto”, conclui o ex-treinador do atleta.

À reportagem, Fábio Rodrigues disse que “é gratificante ver a evolução e as conquistas profissionais e pessoais que o Endrick e sua família vem alcançando, e o melhor de tudo é saber que pude contribuir de alguma forma, o caminho é longo, mas tenho certeza que com a permissão de Deus, determinação, foco, humildade e as várias qualidades que ele tem, será um dos melhores jogadores do futebol mundial.”

Hoje, brilhando no Palmeiras, o alviverde paulista teve grande mérito ao vencer a disputa da preferência por Endrick ao levar para São Paulo toda a família do garoto, uma exigência de Fábio, dando um emprego ao pai do menino para que pudesse se sustentar, cuidando do filho de pertinho. Atualmente, Endrick é também embaixador da Escolinha Brazuquinhas, uma das unidades a qual treinou entre 2014 e 2015.

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