O texto se trata de um artigo de opinião e, portanto, é de inteira responsabilidade de seu autor. As opiniões nele emitidas não estão relacionadas, necessariamente, ao ponto de vista do Distrito do Esporte.
Por Bruno H. de Moura*
Li no portal Metrópoles, coirmão deste Distrito do Esporte, que o presidente da Arena BSB, Richard Dubois, já está com a data de 11 de abril reservada para receber Flamengo x Palmeiras pela Supercopa do Brasil.
Segundo ele, a ideia é que a capital federal, e por óbvio seu Mané Garrincha, arena que o consórcio de Dubois arrendou por 35 anos e R$ 5 milhões por ano, receba a partida entre os campeões da Copa do Brasil e da Série A do Campeonato Brasileiro todos os anos.
Falta um mês ou 30 dias ou 720 horas, aproximadamente, para a bola rolar nessa partida que não vale absolutamente nada. Sinceramente. O que vale a final da Supercopa do Brasil? Quem por aí vai bater no peito e falar, em 2022, 2023, 2024, que seu time foi campeão da gloriosa Supercopa do Brasil? Por acaso o torcedor corintiano sai por ai bradando que ganhou a Supercopa de 1990? Ou o flamenguista que bateu o Athletico-PR em 2019?
Desconheço.
Mas eu te garanto que o amante do futebol candango lembrará muito bem do escárnio que a política candanga, em especial do Excelentíssimo Senhor Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, segue cuspindo na cara do futebol local.
Não preciso nem falar da tão carimbada carência de apoio financeiro estatal, que só deu migalhas a alguns clubes do DF após a repercussão negativa dos milhões – que virarão bilhões pelo modelo de negócio adotado – ao Clube de Regatas do Flamengo, ou do ridículo investimento do dobro do valor ao Basquete do Flamengo em detrimento do tetracampeão brasileiro Brasília Basquete, que hoje vive uma situação de tão deprimente que eu nem sei como descrever.
Bastava ao governador, que sequer tem coragem de ir a um estádio de futebol do Distrito Federal e, em absolutamente todas as oportunidades que teve durante seu governo, mandou o vice-governador fazer as vezes de chefe do executivo local, demonstrar o mínimo de empatia pelo futebol de Brasília e autorizar a volta da modalidade em solo candango.
E não falemos que a pandemia de coronavírus – questão essencial e importantíssima que deve ser tratada como tal – é a ratio decidendi de Sua Excelência para proibir atividades de cunho esportivo no Distrito Federal. Não foi o governador que uma semana após decretar um lockdown no setor de serviços permitiu academias e escolas de voltarem com suas atividades?
Esse mesmo governador não teve a honradez de assinar o ofício em resposta à Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF) denegando do pedido da entidade e dos clubes de flexibilização, para o torneio, da proibição de jogos no DF. Colocou um diretor da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL/DF) para dar a notícia denegatória. Se é que se deu ao trabalho de receber em mãos o documento.
Mas, agora, pipocam notícias, que este repórter confirmou, de que Brasília poderá receber a gloriosa final da Supercopa do Brasil, tão importante quanto as minhas partidas de tênis no Setor de Clubes Sul. Enquanto isso, o Candangão 2021 virou Entornão 2021 e, em uma semana, Serra do Lago, em Luziânia, receberá cinco jogos e o Diogão, em Formosa, outros quatro.
E que não se engane o torcedor: Sua Exc.ª não apenas sabe da ideia como trabalhará nos bastidores pela vinda da partida a solo candango, como fez no ano passado. E mais. A ninguém assustará caso o governador esteja nos camarotes da Arena BSB, vermelhos, a cor do Flamengo, vermelho a cor da vergonha de dar tudo ao time carioca e nada, sequer estádios de futebol, aos times do DF.
Não duvide, torcedor, se o GDF manter a proibição de futebol local em Brasília mesmo com o retorno gradual das atividades em Brasília, tal qual feito ano passado, em que bares, restaurantes e até cinemas já eram permitidos, mas o esporte profissional não. Ah, falar nisso, alguém se lembra que a mesma Arena BSB ofereceu seu glorioso espaço para o campeonato carioca voltar em maio do ano passado enquanto os times locais suavam para pagar as contas?
Proporei à FFDF que adote um epílogo nas próximas comunicações que tiver com o GDF, em homenagem ao belo tratamento que o futebol candango recebe:
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Poema: Versos Íntimos. Pau d’Arco, 1906, Augusto dos Anjos.
Publicado no livro Eu (1912).
In: REIS, Zenir Campos. Augusto dos Anjos: poesia e prosa. São Paulo: Ática, 1977. p.129-130.
*Bruno Henrique de Moura é jornalista e advogado. Filho orgulhoso da Universidade de Brasília, já falou de política e economia no JOTA e no Estadão. No esporte do quadradinho passou por Esportes Brasília, Lance FM, Terra FM, Nova Aliança, Nossa Brasil FM, Ativa FM entre outras. Hoje se divide entre a advocacia criminal, o Distrito do Esporte, o cargo de Assessor Especial da Presidência da ABRACE e broncas do seu professor de tênis.
Ibaneis nunca mais ganha uma eleição no DF nem pra síndico de prédio.
No que depender de mim e de meus familiares, se ainda vivo até lá, esse elemento vai ser escorraçado do DF. Não somente pelo desprezo ao esporte local (futebol, basquete, etc), mas pela incompetência e outras coisas mais. Sua hora vai chegar …
Foi um voto que joguei fora, no lixo.
O BRB é bancando pelos servidores do GDF, não pela torcida do Flamengo.