Por João Marcelo e Bruno H. de Moura
A partida entre Capital e Real Brasília, realizada na manhã desta quarta-feira (12/08), válida pelo jogo de ida das quartas de final do Candangão, terminou empatada em 1 a 1. Mas mesmo após o fim do jogo, os ânimos ainda não se acalmaram. Dirigentes da Coruja reclamaram dos testes para detecção de Covid-19 realizados pela direção do Real Brasília. A alegação é de que o documento apresentado foi datado em junho, quase dois meses atrás.
Na hora do jogo, o diretor do Capital Patu pediu para que constasse na súmula da partida que seu adversário, o Real Brasília, apresentou os exames para Coronavírus – todos com resultado negativo – com realização em 19 de junho. Procurado pela reportagem do Distrito do Esporte, o presidente do Capital, Godofredo Gonçalves, confirmou a informação. “Sim, exames com data de 19/06. Não refizeram os exames”, disse o mandatário.
Godofredo ainda afirmou que todos correm riscos por conta do presidente do Real Brasília, Luis Felipe Belmonte, estar contaminado. “Que absurdo. O presidente deles (Real Brasília) com Covid-19 e todos lá em campo. Tiveram contato o tempo todo no sábado e não apresentaram os exames. Risco sanitário”, falou o presidente da Coruja. Indagado se o jurídico do Capital já havia se manifestado e se caberia punição, o dirigente disse estar em análise. “Estão (os advogados) analisando. Segundo a secretaria de esportes, eles não poderiam jogar, deveriam tomar W.O.”, exclamou Godofredo.
À reportagem do Distrito do Esporte, o empresário disse esperar a súmula para tomar providências. “Estamos esperando a súmula e vamos entrar (com uma ação contra o Real Brasília)”, complementou Godofredo.
Real Brasília diz estar cumprindo todos os protocolos e fazendo exames semanalmente
Pelo lado do Real Brasília o tom é de tranquilidade. O presidente do clube, Luis Felipe Belmonte, disse ao Distrito do Esporte que tudo não passa de uma “conversa fiada”. Confirmou estar com a Covid-19, mas cumprindo os protocolos. “Eu testei positivo na segunda-feira e estou em isolamento. Não tive contato com os jogadores”, declarou Belmonte.
O mandatário do Real Brasília citou a periodicidade dos exames em seu clube. “O que sei é que comprei 400 testes e toda semana todos, jogadores e funcionários, são testados”, comunicou. Ainda disse desconhecer se este procedimento é adotado pelo rival. “O que não tenho notícia de que o Godofredo (Gonçalves, presidente do Capital) esteja fazendo (testagem semanal)”, finalizou Belmonte.
O diretor do Real Brasília, Pedro Ayub, entrou em contato com a reportagem do DDE e explicou o ocorrido. “Fizemos o teste RT-PCR em junho realmente, mas os sorológicos fazemos semanalmente. O que aconteceu é que foi levado uma mescla de exames, RT-PCR e os sorológicos, mas nenhum atleta está infectado. O único que foi diagnosticado positivo (identidade não será revelada) está em isolamento desde quando descobrimos”, exprimiu Ayub.
Que ainda complementou. “Toda semana nós fazemos testes sorológicos nos jogadores. Nosso presidente (Luis Felipe Belmonte) comprou 400 testes e estamos cumprindo tudo certinho. Eu tenho dois filhos, jamais botaria alguém em risco pois eu também estaria correndo”, proferiu o dirigente. Ayub relatou ter feitos mais teste após a partida. “Já fizemos novos testes depois do jogo, nossa preocupação é a saúde dos atletas envolvidos.” esclareceu.
Por fim, disse estar disponível para divulgar todos os exames realizados pelo Leão do Planalto. “Se quiserem (Capital) entrar com uma ação nós provaremos que estamos em ordem. Temos todos os testes e todos os resultados guardados conosco, não tem nada de errado na nossa conduta. É uma situação completamente desnecessária, mas estamos tranquilos”, finalizou Pedro Ayub.
Súmula cita caso
Divulgada no site da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), a súmula da partida entre Capital e Real Brasília faz menção ao caso. No documento, o árbitro Christiano Gayo diz ter sido procurado pelo delegado da partida, Mayco Augusto, com a informação de que o diretor de futebol do Capital havia lhe apresentado um documento com solicitação de que fosse anexado ao informativo da partida.
Gayo, porém, ressaltou que não poderia receber a papelada e instruiu a forma correta para que fosse protocolada. “Orientei o delegado a fazer o encaminho administrativo de sua alçada, pois a arbitragem não é autorizada a receber qualquer tipo de expediente dos clubes em vestiário”, explicou Christiano, que no jogo foi auxiliado por Leila Cruz, Lehi Silva e teve Gildevan Lacerda como quarto árbitro.
Decreto do GDF não detalha prazo dos exames de Covid-19; FFDF cita o item
Após o governador Ibaneis Rocha soltar o Decreto nº 41.062, que autorizou o retorno do futebol profissional, uma série de protocolos foram publicados para a retomada do campeonato. Além da ausência de público durante os jogos, ambientes desinfectados e higienizados, o item quatro do protocolo diz que “os jogos só serão permitidos após todos os atletas e demais profissionais de clubes serem submetidos a exames prévios de Covid-19”.
Apesar da obrigatoriedade dos exames o Decreto não menciona o prazo em que eles deveriam ser feitos. Consultado pela reportagem do DDE, o diretor da Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), Márcio Careca, citou o fato. “Quando soubemos, fomos verificar novamente o Decreto e nele não é mencionado quando deveriam ser realizados os exames. Todos os atletas assinam um Termo Epidemiológico quando chegam no estádio, eles asseguram que não estão com sintomas e o clube apresentam os testes”, disse.
O dirigente acredita que tudo precisa ser estudado com calma para nenhum entendimento antecipado e sem base seja tomado. “Claro que vamos ver todos os dados e amanhã saberemos mais detalhes na federação (de Futebol do Distrito Federal). Não podemos definir absolutamente nada, tudo ainda será estudado”, discorreu Careca. O presidente da FFDF, Daniel Vasconcelos, também foi procurado, mas até o presente momento não respondeu nossas mensagens. Daniel testou positivo para o Coronavírus.