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domingo, 24 de novembro de 2024

No Dia do Orgulho LGBTQI+, zagueira do Cresspom conta como é ser lésbica nos campos do DF

Camila Santos relata dificuldades, machismo no futebol, xingamentos das arquibancadas e o apoio familiar que recebeu ao se assumir

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Por Bruno H. Moura e João Marcelo

Há 51 anos o silêncio foi rompido. Em resposta a uma violenta invasão a um bar LGBT na cidade de Nova York, centenas de gays e simpatizantes tomaram as ruas da maior cidade norte-americana para falar, aos quatro cantos, que não aceitavam os abusos, xingamentos e a mais enraizada homofobia da Polícia de Nova York. A revolta de Stonewall marcou o início de um movimento de ruptura com a aceitação pacífica do preconceito pela orientação sexual. Um basta foi dito.

Após o dia 28 de junho de 1969, todos os anos, nos EUA, a comunidade LGBTQI+ se reúne em espaços públicos para mostrar o orgulho de ser quem é, sem medo, receio e investido de muita coragem. Em todas as classes sociais, de todos os credos, e de todas as profissões e atividades, homossexuais, bissexuais, não binários, transsexuais, assexuais, entre outras vertentes, vestem suas cores e brilham nas ruas de todo o país.

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Nesse dia importantíssimo para a aceitação de quem e como somos, o Distrito do Esporte conversou com a zagueira do Cresspom, Camila Santos. A atleta relatou o machismo no futebol, os xingamentos que já ouviu das arquibancadas, as dificuldades diárias de ser lésbica assumida e a cor da pele. Ainda citou o apoio familiar, que sempre houve e como seus pais foram importantes em sua criação.

Mesmo com o crescimento do futebol feminino, a defensora ainda enxerga um machismo no desporto. “No esporte que eu pratico ainda existe aquele pensamento de que é esporte pra homem aqui no Brasil, nós da modalidade sempre vamos sofrer nem que seja um preconceito disfarçado”, disse. A jogadora ainda relatou fatos que eram corriqueiros nos campos. “Já passei constrangimentos da torcida gritar “sapatão” para nós. Hoje em dia não escuto mais pelo fato das leis estarem bem rígidas a respeito disso”, disse Camila.

Dentro de casa, Camila sempre contou com o apoio de seus familiares. “Minha família aceitou (a homossexualidade), pois sempre me apoiaram em tudo que eu fazia e faço, sempre respeitando princípios éticos, apesar da gente ser de família humilde. Meus pais sempre me instruíram a honestidade e caráter em primeiro lugar, então minha homossexualidade não foi rejeitada. Até porque isso não define caráter de ninguém”, disse a zagueira do Cresspom.

 

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Camila ainda mencionou um fato em uma consulta dentária. “Uma vez, um dentista no consultório me perguntou o que eu praticava e eu disse: futebol. Em seguida me perguntou se eu era lésbica, eu disse que sim e aí me falou: “você joga futebol, é lésbica e negra, não deve ser nada fácil sua vida, hein?”, perguntou o médico.

“Eu disse que isso, todos os dias, me faz ser forte. Pois quando eu entro em campo e represento mulheres, mulheres que apanham de homens, mulheres que são mães solteiras como minha mãe, mulheres pobres e pretas, porém fortes. Eu represento todas as meninas da minha cidade, Cataguases, em Minas Gerais”, disse a orgulhosa cidadã mineira.

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