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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Final da Copa Verde movimenta torcida e comércio em meio à pandemia

Incentivo à venda de bebidas alcoólicas e refrigerantes, Aglomerações devem ocorrer na sede da TFB, em Ceilândia Sul; organizada pede conscientização aos sócios

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Por Olavo David Neto

A primeira final em caráter nacional desde 2002 tem movimentado o lado amarelo do Distrito Federal. Vice-campeão da Copa do Brasil daquele ano, o Brasiliense chega à final da Copa Verde quase duas décadas depois da última grande decisão do clube com a expectativa alta. Assim, é de se esperar a formação de aglomerações de aficionados do Jacaré em tempos de covid-19 — medida desaconselhada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) –, mas com “tudo direitinho”, segundo a principal organizada amarela. Na outra ponta, é previsto um boom nas vendas de bebidas e alimentos num momento de recessão econômica.

Diretor-geral da Torcida Facção Brasiliense (TFB), Maykison Miller relatou ao Distrito do Esporte a ansiedade para a decisão do próximo domingo (21/2). Mesmo com a mudança do local, definida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) logo após a classificação do Jacaré, a festa está marcada. “Nosso combinado seria uma recepção no Serejão, e voltaríamos no final do jogo, já que a sede é perto”, comenta Miller, lembrando que o mesmo traslado foi feito na semifinal, contra o Vila Nova, “em pleno dia de semana, e à tarde”.

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Ainda assim, a festa está marcada na sede da organizada, em frente à loja Castelo Forte, em Ceilândia Sul, e os jogadores poderão contar com o apoio dos aficionados. “Como é no Mané Garrincha, vamos concentrar na sede com os aliados”, comenta o dirigente. De acordo com ele, cerca de 20 pessoas chegarão ao Distrito Federal vindas de Belém, no Pará, e de Goiânia, onde a Remoçada – principal organizada azulina – também tem filial. “De gente nossa mesmo, serão entre 200 e 300 pessoas”, estima Maykson.

Campanha do Jacaré é incentivo econômico

Que futebol é o esporte do povo, não resta dúvidas. Muita gente, porém, costuma ignorar os efeitos econômicos advindos do esporte mais popular do planeta. Em Ceilândia, onde estão a sede da TFB e vários torcedores do Brasiliense — organizados ou não –, os lucros foram aferidos a cada avanço do clube amarelo na Copa Verde. Na decisão, não deve ser diferente. Presidente da Associação de Comércio e Indústria da RA (ACIC), Clemilton Saraiva contou ao DDE que os principais benefícios são percebidos nas distribuidoras de bebidas.

De acordo com o representante, variação de preços em relação às grandes redes são atrativos. “O custo da bebida é um pouco diferenciado em relação ao mercado, além de ter uma variedade de outros produtos”, aponta Saraiva. “Nessas épocas tem uma movimentação tanto nesses locais quanto nos pequenos bares da cidade”, acrescenta.

A própria TFB se valerá dos pontos de comércio de bebidas para revenda aos integrante da torcida, além dos materiais da própria organizada, que rendem dividendos ao grêmio recreativo. “Lá na sede a gente vai fazer a venda de materiais da torcida, como copo, chaveiro, boné, bermuda”, lembra Miller. “E vai ter cerveja, refrigerante, e churrasco a gente deixa liberado para a rapaziada. A gente não cobra alimentação, fazemos o rateio e distribuímos mesmo”, aponta o diretor-geral da Facção Brasiliense.

Os riscos de aglomerações em RAs tomadas pela covid-19

Com “dupla filiação”, o Brasiliense concentra em si o amor de duas RAs: Taguatinga, onde surgiu e da qual estampava até o nome, e a vizinha Ceilândia. Com os torcedores em polvorosa com um jogo de tamanha importância num momento em que deveríamos nos resguardar, na segurança do lar, as movimentações nas duas regiões pode representar um risco à segurança não só dos envolvidos, mas de familiares, amigos e até pessoas alheias a eles. Até o fechamento desta reportagem, o novo coronavírus infectara 31.750 pessoas em Ceilândia, e outras 23.205 em Taguatinga.

Somadas, as vizinhas aferiram cerca de 18,6% das 287.635 contaminações registradas no Distrito Federal até 18h10 de quinta-feira (18). As cidades ainda batem recordes com relação aos enterros desde o início da crise de saúde pública. De acordo com a última atualização disponível no Portal de Transparência do Governo do Distrito Federal relacionado ao tema, eram 770 mortes em decorrência da covid-19 em Ceilândia e 474 em Taguatinga. Além de liderarem o ranking de vítimas, os óbitos ocorridos nas duas mais populosas regiões representam quase um quarto dos 4.728 falecimentos ocorridos na capital da República.

As duas lideram ranking de óbitos pela doença global no DF — na tabela de contaminações, perdem apenas para as infecções em pessoas advindas de outras Unidades Federadas (32.672 casos). Mesmo assim, as celebrações estão mantidas. Miller afirma que todos os que comparecerem à festa da Facção no domingo devem usar Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs), além de manterem distância segura uns dos outros. “A gente veiculou um flyer para conscientização e vamos disponibilizar álcool gel; também ficaremos atentos para distanciamento mínimo e uso de máscaras. Tudo direitinho”, aponta o diretor-geral da torcida.

Para Saraiva, os números em Ceilândia se dão “pela falta de espaços públicos de lazer” e pelas dificuldades em manter o isolamento social na Região Administrativa. “Os bares aqui estão tomando mais precauções que no Plano Piloto. As mesas são postas em áreas abertas, com certo distanciamento. É organizado”, comenta ele, que diz “torcer pelo DF” ao ser questionado acerca de preferências na final da Copa Verde.

Quem fiscaliza?

Instada, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que as medidas são de competência da PMDF, e, portanto, não poderia se manifestar. A reportagem encaminhou questionamentos à Polícia Militar (PMDF) acerca do efetivo mobilizado para a partida, que se inicia às 15h30, e para conter aglomerações ao redor do DF. Por meio de nota, a corporação afirmou que, “de acordo com a Federação de Futebol do DF, o jogo ocorrerá com os portões fechados, sem a presença de público, portanto o policiamento empregado será somente na área interna do estádio”, aponta a instituição. “Basicamente para segurança da arbitragem e dos atletas”, finaliza.

Também acionado, o DF Legal respondeu não ter sido acionado até então para fiscalizar possíveis reuniões, e que, de qualquer forma, não sendo em uma área alugada para fins de celebração ou com cobrança de ingressos, não poderia tomar medidas restritivas. No Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a ordem é aferir o cumprimento dos protocolos sanitários do Mané Garrincha através da Comissão Permanente de Fiscalização de Violência nos Estádios.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Agora o Distrito do Esporte resolveu se preocupar com agromeracões ? Quando é jogo do Flamengo ninguém se preocupa, visitem os bares do DF em dia de jogos do Flamengo, e verão o que é agromeracões de verdade, ninguém faz nada, nem reclamam, muitos até apoiam. Agora, só porquê se trata do futebol do DF vem com esse mi, mi, mi.

  2. Deixando bem claro que sou contra qualquer tipo de agromeração, só não consigo entender porquê a torcida de times cariocas podem e a dos times do DF não pode.

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