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terça-feira, 23 de abril de 2024

Copa Brasília: Um grande projeto visando o futebol infantil

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A Copa Brasília contou com mais de mil crianças nos cinco dias de evento
Foto: Felipe Lisboa/Distrito do Esporte

Por João Marcelo

Entre os dias 17/07 e 21/07, ocorreu a 1° Copa Brasília de Futebol Infantil. O torneio disputado no Minas Brasília Tênis Clube contou com escolinhas locais e dois clubes de fora de Brasília, o Cruzeiro e Goiás. Com o objetivo de mostrar como funciona o futebol profissional para as crianças, o projeto teve sucesso e quer ir mais além. E isso tudo sem deixar o lado criança de fora, unindo futebol sério com um toque de brincadeira.

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Uma iniciativa grandiosa. Era o que Waldemar Nehgme, vice-presidente social do Minas Brasília Tênis Clube e Fred Cardim, professor de educação física, queriam. Se espelharam em outros campeonatos das mesmas categorias e resolveram abraçar a ideia com a equipe de comunicação do Minas Brasília. “Fomos em Goiânia para a Go Cup e percebemos que o clube (Minas Brasília) tinha estrutura para receber um evento desse porte. Conversamos e decidimos trazer para Brasília com alguns parceiros”, disse o chileno Waldemar. Seguindo as palavras de Nehgme, Cardim fez questão de mostrar para a cidade que Brasília pode ser um grande centro esportivo. “Fui convidado para organizar um campeonato desse em Brasília com os mesmos moldes de outros com o mesmo tamanho, como foi a Go Cup. Convidei clubes de Brasília e alguns de fora, Cruzeiro e Goiás aceitaram. Fiz mais convites e falo que ano que vem terão grandes clubes do Rio de Janeiro, São Paulo, Sul, Norte e do Nordeste”, disse o feliz professor de educação física.

Fred Cardim também ressaltou a importância do evento para o Distrito Federal. “Brasília necessita de um evento dessa magnitude, nós somos a capital do país e temos grandes craques”, disse. O professor ainda completou falando sobre a saída precoce de garotos. “Brasília é categoria de base sem raízes, perdemos jogadores muito cedo, com 9, 10 anos. O futebol brasiliense só se preocupa com jogadores acima dos 15 anos, mas deveriam pensar com menos idade, hoje temos garotos aqui com 10 anos sendo cobiçado por grandes clubes do Brasil e do mundo”, completou Cardim.

Para Waldemar, a falta de eventos desse porte é um fator que deu maior retorno a Copa Brasília. “A carência de campeonatos para crianças em Brasília fez o evento ser maior do que pensávamos. As crianças são esquecidas, infelizmente, mas quando anunciamos, tivemos grande procura de escolinhas, pais e fizemos tudo muito bem. Foi uma colônia de férias para eles e os pais ficaram tranquilos, pois tem muita segurança no clube”. A participação de grandes clubes também foi assunto para Neghme. “O fato de ter clubes de renomes chama a atenção da criançada também. E elas já sabem que ano que vem terão mais clubes grandes do Brasil e a expectativa de olheiros, com isso devem sair daqui. Mas pra mim o importante é elas se divertirem, já que é férias e ano que vem será no mesmo período”, finalizou o sorridente chileno.

Waldemar Neghme mostrou contentamento pela organização do evento
Foto: Felipe Lisboa/Distrito do Esporte

Talentos presentes na Copa Brasília

Um grande nome presente no evento foi Estevão William. O garoto de 11 anos é tratado pelo Cruzeiro com uma grande joia do futebol brasileiro e já é procurado por diversos clubes do Brasil e do mundo. Estevão, apesar de todo o assédio, mostra que tem a cabeça no lugar e busca ser um grande nome do esporte mais praticado no Brasil. “Eu espero melhorar a cada dia mais e se Deus quiser chegar a ir para a Europa. Meu sonho é ir pro Barcelona ou Real, e claro, jogar pela Seleção Brasileira”, disse o jovem talento.

Para o pai, Ivo Gonçalves, trabalhar o psicológico do Estevão é o principal fator para se tornar tudo o que se espera dele. “Deus entregou um dom a ele e nós procuramos sempre dizer a ele para ter bastante humildade, assim ele vai chegar onde quiser”, disse. Ivo ainda falou sobre as diversas propostas recebidas e sondagens para Estevão. “Chegam muitas especulações e algumas propostas também. Mas eu não costumo passar isso pra ele, deixo ele jogar a vontade sem pensar nisso. E no momento estamos com os pés no chão, ele é jogador do Cruzeiro”, finalizou.

Estevão William, grande promessa do futebol brasileiro com sua família na Copa Brasília
Foto: Felipe Lisboa/Distrito do Esporte

Uma grande revelação da Copa Brasília foi Pedro Ataíde, o jovem jogador do Goiás terminou como artilheiro da categoria sub13. “Esse campeonato foi uma experiência muito boa, para mim e para o Goiás também. No Goiás (Esporte Clube), só acima do sub15 que viaja e hoje tivemos a oportunidade de viver isso. Agora eu quero continuar subindo de categoria e me tornar profissional do Goiás, clube que eu amo”, disse o jovem artilheiro.

Administrar a carreira de um jovem jogador não é uma questão fácil, o pai de Pedro Ataíde, Deraldo Ataíde, falou sobre isso com a equipe do Distrito do Esporte. “É difícil cuidar da carreira dele, mas estamos em clube grande que é o Goiás Esporte Clube, é um dos maiores clubes do Brasil e que tem uma excelente estrutura. Sempre digo a dificuldade que é essa vida, já fui jogador e sei o quão difícil é”, disse o pai. “Eu quero que ele fique na base do Goiás e se torne um jogador do clube. Quem sabe daqui ele não parta para a Europa, é um sonho de todos os pais e é o meu também. Mas no momento espero que ele faça história no Goiás”, finalizou Ataíde.

Pedro Ataíde e seu pai, Deraldo Ataíde, com o troféu de campeão e artilheiro do sub13 pelo Goiás
Foto: Felipe Lisboa/Distrito do Esporte

Inclusão social: fator motivacional para as escolinhas 

Uma grande felicidade para Fred Cardim foi a participação de programas comunitários no evento. “Um fato interessante foi que em todas as categorias conseguimos incluir projetos sociais. Abraçamos a causa e tivemos várias equipes de Samambaia, Sobradinho, Gama, Santa Maria, Taguatinga e de outras regiões administrativas”, comentou Cardim. Inclusão que foi o objetivo de Vilton Matos, idealizador do PVM, Projeto Vida Melhor, do Gama-DF. “O Projeto Vida Melhor nasceu em 2003, mas com atividade só em 2004. O intuito foi a inclusão social, tínhamos crianças bem pobres e eu temia o futuro delas. Foi então que resolvi criar o PVM e dar uma nova chance aos pequenos”, disse o militar e idealizador do programa.

A participação do PVM na Copa Brasília foi um orgulho para Vilton Matos. “Nossos jogadores estão muito felizes em participar, chegaram aqui com tanta felicidade que foi lindo de se ver. Após os jogos alguns ficaram abatidos por conta do resultado, mas eu fiz questão de mostrar o lado positivo para eles, que foi a competição. Revelamos alguns atletas para clubes, cito o Jhon Cley (ex-jogador do Vasco da Gama) que passou por aqui e virou jogador profissional. Ainda tem jogadores hoje aqui jogando no Santos-DF”, finalizou Vilton Matos.

Vilton Matos (à dir.) com dirigentes do PVM e a grande aposta, Crystine.
Foto: Arquivo Pessoal/Vilton Matos

Falta de clubes federados do Distrito Federal na Copa Brasília

Nenhum clube federado de Brasília participou do evento, o motivo da não participação foi duramente criticado por Fred Cardim. “Todos os clubes do Distrito Federal foram convidados, mas isso se esbarra no amadorismo deles. Eu sugiro até uma reunião com todos eles, para que aprendam conosco como se trabalha com as categorias de base. Brasiliense foi convidado, Gama foi convidado, o único que mostrou interesse foi o Sobradinho, mas que por causa de alguns problemas não conseguiu confirmar sua participação”, disse Cardim.

O professor ainda completou dizendo que os clubes não se preocupam com a criançada no futebol. “Tirando o Sobradinho, mais ninguém aqui em Brasília trabalha com as crianças e os outros clubes começam só com 15 anos. Cada vez mais as crianças saem com 8, 9, 10 anos daqui e os clubes esperam completar 15 para começar a se trabalhar com a base, perde-se muito tempo, estão indo no caminho contrário do que os grandes clubes planejam”, falou.

Cardim foi um dos organizadores do evento e crítico dos clubes brasilienses
Foto: Felipe Lisboa/Distrito do Esporte

“Os clubes daqui precisam de uma aula com outros clubes. Nossa escola (Cardim Sports) veio representando três instituições, Minas, Cota Mil e Cardim Social. Mostraram organização, disciplina e acima de tudo uma troca de experiência fantástica”, falou Fred Cardim. O professor de educação física ainda deu sua palavra final sobre a administração dos clubes do Distrito Federal. “Volto a dizer, se os clubes daqui não enxergarem a base de uma forma contextualizada, nós vamos continuar com um futebol de série D. Pra mim, como professor de educação física, isso tudo é uma vergonha, mas jamais vamos desistir. São ações como essa de hoje que fazem a diferença”, finalizou Fred Cardim.

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